Opinião

Talvez…

2 mai 2016 00:00

Quando contemplo o mar, o pôr-do-sol, quando de manhãzinha ouço o chilrear dos pássaros, quando me deslumbro com aquela natureza ainda inacessível às maquinações do Homem, sinto-me a tocar o Paraíso!

Mas são fugazes esses momentos! De imediato, tomo consciência da minha pertença à Humanidade e desprezo-me. Como posso sentir tal prazer num mundo repleto de tanto sofrimento evitável?

Desta vez o 25 de abril chegou e a alegria da data não foi capaz de suplantar a tristeza que me assola. É que nas notícias e nas imagens que me chegam, confirmo o que já sei: estão entre os mais poderosos, os criminosos que no Mundo, em busca de mais e mais riqueza, fazem a guerra e fomentam a miséria!

E eu, imóvel, anestesiada, cúmplice desta gente, sinto-me como se não fosse uma pessoa real – essa teria de reagir e gritar basta! Antes, vejo-me como uma sombra com contornos humanos, numa imensa natureza morta que esses senhores do Mundo andam a pintar. E milhões de sombras, inertes como eu, estão comigo nessa tela!

Perante os 1,1 milhões de gente igual a nós que, a nível mundial, têm níveis de consumo inferiores a um dólar por dia, perante os mais de cinquenta milhões de pessoas que, devido a conflitos ou a situações de crise no mundo, se viram obrigadas a sair dos seus territórios, a tudo deixar e a refugiar-se em ambientes hostis, perante tantos seres humanos amputados de dignidade, é ou não é verdade que apenas alguns de nós vão além do sentir uma imensa, mas completamente ineficaz, pena?

Neste contexto, anima-me uma só esperança: a de que a esta deformada Humanidade, já a decompor-se numa cova infecta, só lhe reste, como saída possível, o levantar-se e erguer-se diferente! Talvez por isso eu queira ver no poder papal de Francisco uma possibilidade de mudança.

Sem dúvida seria um bom começo conseguir que 17,8% da população mundial (a que se diz católica) desse o exemplo e seguisse as recomendações deste seu e já nosso líder!

Professora 
Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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