Opinião

Sol, percebes e mimosas

15 ago 2025 16:36

Outro highlight da temporada foi a descoberta dos percebes da praia das Paredes!

Este ano tomei a sensata opção de não procurar praias fluviais no ardido interior, nem enfrentar o sol e os mosquitos no reino dos Algarves. Apostei tudo no “vai para fora dentro do distrito” e, até hoje, não me arrependo.

As marés andam agradáveis e a temperatura da água do mar, dizem-me, continua temperada. Surpreendentemente, a nossa costa quase não foi tocada pela aborrecida E.coli, que levou à interdição de outras zonas balneares.

Outro highlight da temporada foi a descoberta dos percebes da praia das Paredes! Não sei como é que Charles Darwin, pioneiro no estudo dos cirrípedes, os caracterizaria, mas saibam que o ano tem sido bom para os muitos apreciadores de Pollicipes pollicipes que frequentam esta estância e o seu cada vez mais amplo areal.

Também de amêijoas e robalos vive o homem, e a costa tem sido este ano generosa na apresentação destes espécimes. Mas não ficamos por aqui! A formosa Paredes tem a sul e a norte muito simpática vizinhança: entre o majestoso Vale Furado e a baía da Polvoeira, recolhida nas costas do Leão Deitado.

Nestas frescas paragens é o verde pino sempre próximo companheiro. Notam-se, contudo, flagrantes sinais de secura e a morte anunciada de muitas árvores adultas. O controlo da vegetação espontânea tem sido feito, mas as árvores debatem-se ainda assim, parece, com o aumento da temperatura.

Alguns jovens pinheiros apresentam-se por entre as brasas de 2017, mas em número muito reduzido. Os carvalhos e outros legumes plantados na mata estão na sua maioria mortos, sepultados nos cones de plástico que deveriam apoiar o seu crescimento, mas que hoje apenas decoram a paisagem com verde lixo.

Os cidadãos mais afoitos mantêm acesa contenda contra as acácias australianas. Mas muito embora alguns casos de sucesso, a maléfica acácia-mimosa continua a sua imparável marcha infestante de transformação/destruição do território. Estou certo de que os políticos, sempre atentos, e hoje em campanha autárquica, não se vão esquecer deste flagelo, e vão fazer bandeira desta luta em muitos dos seus programas.