Opinião

Negócio da China ou mais uma acha para a fogueira?

14 mar 2019 00:00

No entanto, aquilo que é uma excelente notícia para os empresários do sector, será certamente uma preocupação para a restante população, já farta dos problemas ambientais provocados pelas suiniculturas, que se arrastam há mais de três décadas.

O acordo entre os governos português e chinês para exportação de carne de porco para aquele país asiático, um dos maiores consumidores do Mundo desse tipo de carne, é, sem dúvida, uma óptima notícia para o sector, em particular para os empresários da região de Leiria, que assumem actualmente cerca de 21% das exportações de animais vivos.

As previsões apontam para vendas de 100 milhões de euros para aquele país já este ano, cerca de mil toneladas por semana, e uma duplicação no ano seguinte.

Ou seja, é de prever que esta nova oportunidade num mercado de tão grande dimensão leve os produtores a investirem no aumento das suas explorações, até porque, actualmente, Portugal não é auto-suficiente na produção de carne de porco, ficando-se por uma cobertura cerca de 64%.

No entanto, aquilo que é uma excelente notícia para os empresários do sector, será certamente uma preocupação para a restante população, já farta dos problemas ambientais provocados pelas suiniculturas, que se arrastam há mais de três décadas.

Se por um lado, o facto de a China exigir o cumprimento de requisitos sanitários às empresas que queiram exportar para aquele país deixa alguma esperança de mudança, por outro, as declarações do presidente da Associação Suinícola de Leiria, David Neves, em que afirma que todas as explorações de Leiria cumprem as condições necessárias, não podem deixar de causar apreensão e de ser bastante surpreendentes.

Se todas as explorações suinícolas de Leiria cumprem os requisitos sanitários, como é possível que a bacia hidrográfica do Lis continue a ter a merda de porco como companheira frequente, numa relação que dura há mais de 30 anos?

Alguma coisa não bate certo nesta história. Ou as exigências sanitárias da China são muito fracas, o que é bem possível, atendendo aos graves crimes ambientais que por lá são permitidos, ou então David Neves está a escamotear uma realidade de todos conhecida, penalizando, dessa forma, as explorações cumpridoras.

Leiria será, indubitavelmente, a capital da poesia durante a próxima semana. De quarta-feira a domingo, a terceira edição da Ronda Poética, organizada pela Livraria Arquivo e pela Câmara de Leiria, tentará conquistar a cidade para aquele que é, para muitos, o mais nobre género literário.

Fazendo jus ao nome, a Ronda Poética acontecerá em vários locais da cidade, do hospital à prisão, da Quinta do Alçada ao lar de S. Francisco, entre muitos outros espaços, entre os quais a Livraria Arquivo, o Museu de Leiria, a Igreja da Misericórdia ou a Biblioteca Municipal.

Serão cinco dias com uma programação diversificada, que incluirá muito do que de melhor se faz em poesia em Portugal, mas que terá igualmente espaço para autores locais e para primeiras experiências nesta arte.

Esperam-se, portanto, dias felizes para os amantes da poesia, mas também para os menos conhecedores que queiram mergulhar na arte que notabilizou Camões, Rodrigues Lobo, Pessoa ou Herberto Helder, sendo ainda uma oportunidade para Leiria provar que por cá a cultura é muito mais que uma palavra utilizada em discursos de circunstância.

*director