Opinião

Música | New Kids on the Rock

20 jan 2022 10:19

Eis que as Wet Leg se transformaram, ao longo de 2021, num dos casos sérios da nova música britânica

O rock não morreu, evolui com perspicácia, atitude e inteligência e em 2022 a armada britânica promete escrever história com Wet Leg e Yard Act.

Consta-se que duas amigas de Isle of Wight, Rhian e Hester, no meio de um festival, quando estavam no topo de uma roda gigante, olharam para baixo e juraram ali mesmo formar uma banda. Esperavam pura e simplesmente passar um bom bocado, matar o tédio e talvez até gravar umas demos para mais tarde recuperar do baú. Mas as primeiras gravações foram parar aos ouvidos certos e eis que as Wet Leg se transformaram, ao longo de 2021, num dos casos sérios da nova música britânica.

O single "Chaise Longue” assumiu-se como um clássico instantâneo onde não falta a força dos melhores hinos indie nem sequer a referência a um filme de culto, neste caso Mean Girls.

“De onde é que saíram afinal estas miúdas?” perguntava então a imprensa britânica. Pouco tempo depois comprovam que afinal não era só um single de sorte e o novo tema “Wet Dream” mostra bem aquilo a que vêm, tomar conta da pole position para os lançamentos de 2022 e convencer imediatamente a BBC a dar-lhes um lugar de destaque na já famosa bolsa de apostas Sound of 2022 shortlist.

As Wet Leg até já se estrearam em Portugal e foram escolhidas para abrir os próximos concertos dos Idles e não é preciso fazer futurologia para lhes antever um ano em grande, basta ouvir os primeiros singles e ter noção de todo o hype que, merecidamente, estão a gerar.

Apesar de já andarem na estrada desde 2020, foi também no passado ano de 2021 que demos conta do aparecimento de um quarteto de Leeds que cruza universos de influências como The Fall, Pulp ou Sleaford Mods para se assumirem como uma espécie de novos trovadores post punk no meio de uma pista de dança.

Com deliciosas passagens de spoken word embaladas por baixos densos, caixas de ritmos ou baterias e guitarras inquietas. Neste ano que se finou lançaram o primeiro EP, receberam o prémio Anchor (atribuído por um grupo de profissionais liderado por Tony Visconti), arrancaram a primeira grande digressão como cabeças de cartaz e com muitas datas esgotadas e preparam-se agora para editar, no final de Janeiro, o mui aguardado disco de estreia (que acabaram de continuar a apresentar com o single “Rich”).

Depois de um ano em que se ouvir falar de um novo movimento de bandas britânicas como Dry Cleaning, Black Country New Road ou Squid, os Yard Act aparecem a correr por fora e com trunfos de sobra para ganharem terreno e confesso que, actualmente, a par dos Fontaines D.C., os Yard Act são o projeto de rock britânico que mais me entusiasma.