Opinião
Minuto de literacia financeira: dicas e reflexões. O preço efetivo do dinheiro: Como ler as taxas dos empréstimos
O “crédito fácil” pode abrir caminho a um cenário de sobre-endividamento e comprometer seriamente o orçamento familiar
Compre agora e pague em 10 x sem juros”. Várias são as vezes que nos deparamos com esta frase numa grande superfície comercial. As estratégias de marketing são concebidas para evidenciar os benefícios das ofertas, levando-nos muitas vezes a percecioná-las como oportunidades particularmente atrativas.
A possibilidade de pagar em prestações e aparentemente sem custos adicionais dá-nos a sensação de estarmos perante um bom negócio. No entanto, a verdade é que este tipo de financiamento esconde um tipo de crédito bastante caro, o crédito ao consumo - um dos mais caros do mercado - que leva muitos consumidores a contrair dívidas por vezes desnecessárias e por impulso.
O “crédito fácil” pode abrir caminho a um cenário de sobre-endividamento e comprometer seriamente o orçamento familiar. Assim, antes de adquirir qualquer bem através destes financiamentos vale a pena fazer a seguinte questão: Preciso mesmo de comprar este bem? Caso a resposta seja afirmativa deve escolher a proposta que tem um custo inferior.
Ao escolher entre diferentes propostas de crédito, o mutuário não deve atender apenas à taxa de juro anunciada, mas também a outros custos invisíveis associados ao financiamento, que influenciam o preço final do financiamento, tais como comissões bancárias, seguros e impostos. Como estes encargos variam de instituição para instituição é necessário recorrer a indicadores que permitam comparar as propostas.
Os principais indicadores a considerar num empréstimo são: A Taxa Anual Nominal (TAN) - taxa de juro nominal definida no contrato de crédito e serve de base ao cálculo dos juros. No caso de empréstimos com taxa variável, resulta da soma do spread com o indexante. A partir da TAN é calculada a taxa de juro equivalente, também designada por Taxa Anual Efetiva (TAE), que reflete o efeito das capitalizações sucessivas ao longo do ano e corresponde à taxa efetivamente aplicada em cada período de pagamento.
A Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) é o indicador que deve ser utilizado, por excelência, para comparar diferentes propostas de financiamento, uma vez que inclui todos os encargos associados ao crédito ao consumo, sendo por isso o indicador mais fiável para essa comparação.
Por fim, é igualmente importante analisar o Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC), que reflete o custo total do financiamento ao longo do contrato. Esta informação pode ser consultada na Ficha de Informação Normalizada (FIN) do empréstimo. O crédito ao consumo, devido às elevadas taxas associadas, pode ter um impacto muito significativo no orçamento familiar.
Em conclusão, quando ponderar recorrer a um crédito para aquisição de um bem, deve analisar cuidadosamente as condições propostas e verificar qual apresenta a TAEG menor, só assim poderá garantir que está a fazer um bom negócio.
Texto escrito de acordo com o Novo Acordo Ortográfico de 1990