Opinião

Eu quero ser um per capita

22 nov 2018 00:00

Usando números mais ou menos simbólicos, referiu a percentagem de 50% dos muito pobres deste mundo, 45% pobres e 1% dos oceaneamente opulentos.

Meu Caro Zé,

Há anos ofereceram-me um livro que resultava de uma tese em Sociologia que procurava caraterizar as sociedades para além da então chamada “cortina de ferro”, através das anedotas que aí se contavam.

Entre elas, havia uma que se passava numa sala de aulas na Roménia, em que a professora exaltava as “conquistas maravilhosas” do regime de Ceausescu (tu sabes quem é, os mais novos vão à internet!) através de indicadores estatísticos do tipo “produzimos x toneladas de aço per capita, y quilos de carne per capita, z litros de leite per capita, etc.”

No fim da aula perguntou aos meninos e meninas o que gostariam de ser quando fossem “grandes”. E lá vieram as respostas tradicionais: engenheiros, médicos, arquitetos, professores, etc.

O “menino Zéquinha” lá do sítio é que continuava calado, até que a professora insistiu para que respondesse. Eis a sua resposta: “Eu quero ser um per capita." Esta anedota veio-me à memória enquanto lia um excelente artigo da escritora Lídia Jorge no Público (14-11-2018), sob o título As camisas de Gerhard Schröder.

Destaco desse artigo, em particular, uma referência a Horta Osório que, num dado programa terá, na opinião de Lídia Jorge, “posto o dedo na ferida”.

Usando números mais ou menos simbólicos, referiu a percentagem de 50% dos muito pobres deste mundo, 45% pobres e 1% dos oceaneamente opulentos. E disse que o problema do futuro provirá dessa desigualdade.

Não discordando de que, no futuro, os números possam ser esses, discordo que seja um problema do futuro. Foi já há muito um problema do passado e é, sobretudo do presente. E a culpa é dos economistas, dos políticos, dos

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