Viver

Egoísmo vs. altruísmo

23 mar 2017 00:00

De vez em quando, muito de vez em quando, dá-me para pensar nestas coisas.

E acho que cheguei a uma conclusão importante, que vale a pena (ou não) partilhar convosco. Aviso já que não tenho a solução para nenhum problema maior, mas consegui teorizar que todas as relações humanas (pais e filhos, cônjuges, amigos, namorados, etc.) assentam na dicotomia “egoísmo vs. altruísmo”.

Quer isto dizer que, com tudo o que tenho vindo a vivenciar, experimentar e observar, acho que as nossas relações são melhores (leia-se mais fáceis, harmoniosas e tranquilas) quanto mais dispostos estivermos a dar de nós em prol do outro. Parece simples, não é?

E se nas relações pais / filhos este altruísmo nasce quase naturalmente, estamos predispostos a abdicar de muita coisa pelos nossos filhos, se não estiverem não aconselho ninguém a avançar para a maternidade/paternidade… nas outras a coisa pode ser mais complicada.

Eu, por exemplo, não tenho nenhum problema em dar aos meus filhos a última goma do pacote; em comer atum enlatado para eles comerem dourada de mar; em não comprar roupa para mim para comprar para eles; em não viajar sozinha para a Índia para ir uma semana com eles para o Algarve… são peanuts, como dizem os cámones… agora a privação do sono… bem, essa já é mais difícil… e depois mexe na relação com o cônjuge.

Estimado marido, pai dos meus filhos, amor da minha vida, quase a atingir a bonita marca de duas dezenas de anos, pode também ele comer a última goma do pacote; não me importo nada de comer restos para ele comer refeições mais “actuais” (até porque sei que é coisa que o aflige, acha sempre que a comida se estragou); mas não pode ficar sempre a dormir enquanto eu me levanto para tratar das crias.

E ele sabe que isso não tem nada a ver com amor. É o tal egoísmo / altruísmo que tem de estar equilibrado para a relação funcionar. É o yin e o yang das relações. Até porque uma pessoa privada de dormir não consegue verbalizar bem o que lhe vai na mente e depois sai asneira.

Voltando à relação com os filhos: faço por eles como sei que os meus pais fizeram por mim, com humildade, naturalmente, sem pensar no porquê nem ter a noção muitas vezes de estar a abdicar de alguma coisa. É assim.

Se há muitas coisas que aprendemos com os filhos esta é certamente das mais importantes para mim, a abnegação. Dar tudo sem esperar nada em troca. E viver feliz com isso.