Opinião

De novo, a liberdade 

5 mai 2023 11:06

Deixar cair as máscaras nas unidades de saúde e estruturas afins é um ganho gigantesco numa importante competência social

Celebrou-se mais um (sempre importante e sentido) 25 de abril, mas antes disso, no dia 18, celebrou-se também uma outra liberdade. A da utilização obrigatória das máscaras faciais nas unidades de saúde e estruturas de apoio a populações vulneráveis.

Último resquício dos anos Covid, que tanto mudaram a sociedade, mas afinal talvez tão pouco… É transversal a perceção de que as pessoas, contrariamente ao que tanto todos afirmaram quando começou a pandemia, estão agora menos tolerantes em relação ao outro, às instituições, a tudo no geral.

Contudo, não sei se tal comportamento, menos humano, advém desta pandemia vírica, se da virose social que está a ser o avanço vertiginoso da tecnologia. É extraordinário e extraordinariamente importante. Indiscutível. Ou talvez não. Mas estamos todos a começar a pagar caro esta vertigem.

Todo este avanço tecnológico está a isolar-nos cada vez mais, dia após dia. Qual abrir a janela do carro para perguntar ao senhor que está sentado à porta de casa a apanhar sol por onde é que é o caminho? Que perda de tempo! Verdade... A tecnologia é bem mais acertada. E bem haja por isso! Perder tempo é, de facto, algo que cada vez nos incomoda mais.

Mas para não perdermos tempo, estamos cada vez mais a perder competências sociais. Também indiscutível. Ou talvez não. Deixar cair as máscaras nas unidades de saúde e estruturas afins é um ganho gigantesco numa importante competência social, de elevado impacto também na melhoria da saúde de todos, que é a relação, a comunicação, que envolve podermos olhar e perceber a expressão facial do outro, no seu todo. Que tanto nos diz, explícita e implicitamente, emocional e cognitivamente. Muita falta fazia. Demais.

Mas temo que com essa nova liberdade, nos esqueçamos da importância que é ter que continuar a comprometer esta importante componente da comunicação plena nos casos em que “valores mais altos se alevantam”. Porque outras infeções respiratórias existiam, existem e vão continuar a existir para além da Covid. E por isso, ainda que deixando de ser obrigatória (e bem, porque de grilhões ninguém gosta), é (mesmo) importante continuar a usar máscara em situações de risco de infeção respiratória. Livre e conscientemente.

Porque é isto a liberdade, a expressão máxima da responsabilidade. E por isso, não esqueçamos os ensinamentos trazidos pela Covid. Temos todos que, responsavelmente, ou seja, livremente, continuar a ser, sempre, agentes de saúde pública.