Opinião
Cumprir Francisco, o Papa!
Sou dos que desconhecia o cardeal Bergoglio. Sou dos que se deixaram entusiasmar pelo estilo e pontificado
Poucas pessoas há que, na sua existência histórica, tão, aparentemente, consensuais tenham sido. Não falo dos corredores do Vaticano. Falo dos espaços mediáticos habitados por gente das margens.
Sou dos que desconhecia o cardeal Bergoglio. Sou dos que se deixaram entusiasmar pelo estilo e pontificado. Muitos dirão que nada há que admirar, tendemos a apreciar os que convivem nas nossas ideias expressas ou ainda por expressar.
Tal como muitos, deixei-me afectar e afeiçoei-me àquela ideia de uma Igreja aberta a “todos, todos, todos”. Abertura a toda uma humanidade, nomeadamente, a ocidental com algumas fracturas recentes: políticas, raciais, geracionais, comportamentais e generacionais. Como se a falta de critério humano deixasse de ser importante, ou consequente, e só a individualidade do ser e das suas opções valesse. Assim seja. Mas. E é neste “mas” que o combate da vivência da fé com a compreensão da mesma se dá. E é nessa tentativa que se intui a maior das tarefas.
Quem sou eu para exigir uma Igreja aberta a todos quando eu não abro o meu País, a minha casa, o meu grupo de amigos, a “minha” empresa, para não falar das minhas conversas e convicções, a este critério!? Eis a fronteira! Dos que intuem e pressentem uma mudança necessária institucional e dos que no caminho humano, que a história das ideias e convicções convida a fazer, ainda questionam e se inquietam.
É com alguma tristeza que vejo este Papa ir embora. É com alegria que brindo à certeza de que o próximo será, sempre e também, a resposta inspirada, pelo Deus em que acredito, a ser a voz do mesmo nos tempos que nos são dados viver. Numa história com muitos milhões de anos, numa história que espera o melhor de papas, padres, leigos, crentes, agnósticos e ateus. Numa história que espera o melhor de cada um de nós: todos, Todos, TODOS! Sim. Mais do que uma frase bonita, é uma frase que nos dá muito trabalho a todos. Até porque resume o Evangelho do Cristo. Salvador. Deus connosco. E não uma mera síntese da boçal fraternidade universal. Este Papa Francisco era tramado! Cumpri-lo, uma tarefa nem sempre muito doce!