Opinião

Cinema | Uma História de Amor chamada Leiria Film Fest

5 mai 2023 11:32

Somos pré-adolescentes. Temos as nossas falhas, mas estamos cada vez maiores e mais maduros. Qualificamos para os Prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema; somos reconhecidos em Portugal; e somos falados além-fronteiras como um dos melhores festivais de cinema do País

Caro/a leitor/a, esta semana trago um texto diferente. Ou seja, escreverei sobre uma história de amor que me acometeu a mim e ao Bruno Carnide há 10 anos.

Estávamos em 2013 e não havia nenhum Festival de Cinema em Leiria - assim, como aqueles aos quais íamos, regularmente, estrear ou apresentar as nossas curtas-metragens; ver outras; estar com outros profissionais; conversar sobre cinema independente; queixarmo-nos da falta de apoios, etc.) - e achámos que podíamos fazer um e que Leiria merecia.

Começamos devagar e sem grandes pretensões: apenas um dia no Museu da Imagem em Movimento, na Sala dos Arcos, com cadeiras brancas de plástico que se dobram para não ocupar espaço. E, a esse, vieram 200 pessoas. Ficámos surpreendidos. Sabíamos que havia a lacuna, mas, desconhecíamos o interesse.

Ficamos entusiasmados, e resolvemos fazer o segundo no ano seguinte. Desta feita, voámos para o Teatro Miguel Franco (onde ainda fazemos o Festival aos dias de hoje). As candidaturas cresceram, os espectadores triplicaram. Tinha tudo para dar certo… não fosse… estarmos a fazer isto com zero orçamento.

Resolvemos parar. E a edição de 2015 não se concretizou.

É tudo muito bonito quando se faz com amor à camisola, mas há um limite para o tempo e despesa própria que se pode gastar num evento gratuito para a cidade. O município na altura oferecia a parte logística do espaço. Mas isso não chegava. Havia convidados para trazer, alojar e alimentar, comunicação, troféus, enfim…

Nesse ano, de 2015, fomos contactados pelo, então, vice-presidente da Câmara, atual presidente, Gonçalo Lopes. Perguntou-nos o que precisávamos para não deixar o Festival morrer. E nós respondemos: financiamento. E ele deu-nos. Muitas vezes, pensamos no que teria sido se não tivesse havido esta conversa. Provavelmente, o Leiria Film Fest seria apenas uma lembrança bonita de duas edições pagas pelo bolso do Bruno Carnide e da Cátia Biscaia. Mas não, o cinema em forma de curta-metragem independente tinha contagiado a cidade e os seus dirigentes. Um caso de amor que se veio a verificar muito sério, e não apenas uma paixoneta passageira.

Estamos a fazer 10 anos. Somos pré-adolescentes. Temos as nossas falhas, mas estamos cada vez maiores e mais maduros. Qualificamos para os Prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema; somos reconhecidos em Portugal; e somos falados além-fronteiras como um dos melhores festivais de cinema do País.

Uau! Quem diria, de um caso de amor que começou um dia no Mimo, com duas pessoas que gostavam de ver e fazer cinema.

De 10 a 15 de maio, espero por você, caro/a leitor/a. E, se me vir, podemos falar sobre isto ou outra coisa qualquer.