Opinião

Cinema | Feliz Natal, Charlie Brown

19 dez 2022 09:17

Este é, sem dúvida, um filme muito poderoso e tocante, para não mencionar bastante profundo

Prestes a chegar ao Natal e sendo este o meu último texto de 2022, sinto-me na obrigação de falar de um dos meus filmes preferidos desta época. Se é antigo? É. Se é atual? Posso garantir que é intemporal. A Charlie Brown Christmas é pequenino, com a duração de 25 minutos, foi feito em 1965, enquanto um especial de Natal para a TV, e é uma maravilhosa e comovente animação natalícia: “quando Charlie Brown reclama do materialismo avassalador que vê entre todos durante o Natal, Lucy sugere que ele se torne o diretor do concurso de Natal da escola. Charlie Brown aceita, mas prova ser uma luta frustrante. Quando uma tentativa de restaurar o espírito adequado com uma pequena árvore de Natal abandonada falha, ele precisa da ajuda de Linus para aprender qual é o verdadeiro significado do Natal”.

Bill Melendez, o realizador, capta o espírito da banda desenhada depressiva de Charles Schulz, ornamentada com uma maravilhosa comédia física e uma deliciosa banda sonora jazz natalícia do Vince Guaraldi Trio, que se tornou imagem de marca dos Peanuts.

No fundo, este é, sem dúvida, um filme muito poderoso e tocante, para não mencionar bastante profundo. E, talvez, o facto de ser de 1965 e se tornar datado e, ao mesmo tempo, tão atual, dá-lhe um certo charme. Com uma animação simples, mas também muito colorida e nítida; quando misturada com a belíssima banda sonora e uma história, lindamente, construída e doce, tudo se torna tocante e visceral.

Estamos a falar de uma obra que nos surpreende pelo seu impacto emocional. Obviamente que ficamos talvez confusos, porque crianças tão pequenas acabam por não ter estes pensamentos. Mas isso também é um pouco da magia que Schulz nos habituou. Pessoalmente, sou grande fã dos Peanuts e dos seus pensamentos filosóficos colocados na boca das crianças. Possivelmente, também por isso, sou grande fã da Mafalda, do Quino, que entra na mesma onda. A Mafalda acabou por não ganhar uma grande notoriedade cinematográfica, mas os Peanuts tiveram essa sorte e são, sem dúvida, das marcas mais bonitas que tenho de memória de desenhos animados infantis.

Este será, sem dúvida, o filme para ver todas as noites de Natal cá por casa, portanto, esta é a minha sugestão para um 24 de dezembro, com pipocas, lareira, luzes da árvore de Natal a criar ambiente e um momento em família comovente. Boas festas e bons filmes. Encontramo-nos, de novo, em 2023.