Opinião

Cinema | Abril e o Cinema

5 abr 2024 09:00

É, muitas vezes, através do Cinema que questões importantes como injustiça social, discriminação, e abusos de poder podem ser trazidas à luz e discutidas de forma aberta e franca. No fundo, o Cinema tem o poder de sensibilizar o público para questões urgentes e inspirar ações concretas para promover a justiça e a igualdade

Estamos em abril. O meu mês preferido por várias razões, uma das quais, sem dúvida a comemoração da Liberdade no 25 de Abril. Muitas pessoas parece que se têm vindo a esquecer do que esta data significa. Do que ela trouxe para cada um de nós e para o País no geral e, por isso, acho premente falar disto.

Puxando a brasa à minha sardinha, obviamente, que vou ligar a liberdade de expressão ao Cinema e em como esta pode ser uma ferramenta fundamental na garantia de uma sociedade democrática vibrante e saudável.

Numa democracia é fundamental que haja espaço para uma ampla gama de pontos de vista e opiniões e o cinema oferece uma plataforma única para a expressão dessas diferenças. Ao permitir que cineastas explorem temas diversos e desafiem as normas sociais, culturais e políticas, o cinema contribui para um debate público enriquecedor e para a criação de uma sociedade mais inclusiva e justa.

Além disso, haver liberdade de criação é crucial para a proteção dos direitos humanos e civis. É, muitas vezes, através do Cinema que questões importantes como injustiça social, discriminação, e abusos de poder podem ser trazidas à luz e discutidas de forma aberta e franca. No fundo, o Cinema tem o poder de sensibilizar o público para questões urgentes e inspirar ações concretas para promover a justiça e a igualdade. Sem esquecer, obviamente, o papel vital na preservação da memória coletiva que o cinema pode trazer.

E, por isso, todas as vozes devem ter lugar. E para haver mais diversidade de vozes o Estado tem de começar a apoiar mais projetos fora de Lisboa. No Leiria Film Fest (Festival Internacional de Curtas-Metragens de Leiria, do qual sou diretora ao lado do realizador Bruno Carnide) lutamos contra a centralização da cultura há mais de 10 anos. Os apoios Estatais são inexistentes até à data. Contamos com alguns apoios municipais e privados. Mas poucos. E, a continuar neste rumo iremo-nos extinguir. Sinto, muitas vezes, que a nossa luta é inglória. Que ninguém se interessa por Leiria; por quem faz cá filmes; ou por quem quer mostrar filmes diferentes à população. No entanto, continuamos a achar que a cultura deve ser democrática. Deve falar de e para todos, até para termos uma melhor representação de Portugal.

Como disse acima, o Cinema é fulcral na garantia da democracia. Não deixem abril morrer calando as vozes do país que não é Lisboa. Nós também estamos aqui. 25 de Abril, sempre!