Opinião

Cinema e TV | 28 Years Later: quando a história importa mais do que a câmara

18 jul 2025 08:29

Era difícil imaginar um regresso à altura, mas Boyle e Garland são cineastas criativos que definiram uma geração

Danny Boyle e Alex Garland regressam em grande forma com 28 Years Later, provando que a parceria que nos trouxe o inesquecível 28 Days Later ainda tem muito para dar.

Depois do 28 Weeks Later – já sem esta dupla de peso – era difícil imaginar um regresso à altura, mas Boyle e Garland são cineastas criativos que definiram uma geração, tal como fizeram em The Beach (2000) e Sunshine (2007).

Dos muitos filmes que vi no cinema nos últimos tempos, este foi, sem dúvida, o que mais me fez sentir tudo e mais alguma coisa. Já não me lembrava da última vez que saí de uma sala com o coração acelerado de pânico, comovido e, paradoxalmente, com um sorriso de esperança. É raro um filme de terror / suspense conseguir equilibrar tão bem emoções tão extremas.

A banda sonora merece uma nota especial – para mim, uma das melhores do ano até agora. Os Young Fathers brilham e encaixam-se na narrativa de forma quase visceral. E quando achei que o poema “Boots” de Rudyard Kipling seria apenas um gancho para o trailer, eis que surge num dos momentos mais marcantes do filme, elevando tudo a um nível quase poético. A combinação de som e música é, sem exagero, perfeita.

Se tiver de apontar algo, seria o final. Sem entrar em spoilers, senti que a conclusão se distancia um pouco do tom construído até aí – não que arruíne o impacto geral, mas é quase como se se abrisse espaço para outra narrativa, outro filme – que vai acontecer 28 Years Later: The Bone Temple.

No geral, 28 Years Later está exemplarmente equilibrado, com uma montagem e fotografia que mostram que não é a câmara que faz o filme, mas sim a força da história. Seja filmado num iPhone ou numa câmara profissional, quando há visão e coragem, o resultado pode ser este: um murro no estômago que também nos abraça.