Editorial

Avaliação de desempenho na saúde 

28 set 2023 08:31

Um estudo divulgado esta semana revela que quase metade dos portugueses não teve acesso a cuidados de saúde pelo menos uma vez em 2019

Educação e Saúde. Duas áreas fundamentais para o desenvolvimento humano e ambas em acelerada rota de colisão entre profissionais e tutela. A luta dos professores continua em crescendo, com mais greves e a promessa de novas formas de luta.

As reivindicações dos médicos não têm encontrado resposta nas soluções apresentadas pelo ministério liderado por Manuel Pizarro e, a julgar pelas reacções ao novo modelo das Unidades de Saúde Familiar (USF), avizinham-se ainda mais problemas no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde.

Previstas para entrarem em vigor no início do próximo ano, as novas regras definidas pelo Ministério da Saúde para as USF, prevêem, entre outras medidas, a introdução de um novo índice de desempenho para os profissionais de saúde, com indicadores a contarem para a ‘nota’, como a prescrição de exames complementares de diagnóstico, de medicação, ou a deslocação dos utentes às urgências.

Os médicos ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA não fazem ideia da dimensão das limitações, nem do peso que terão na avaliação de desempenho, mas, só o princípio em si, já os leva a considerar uma medida “imoral”. Tentámos obter mais informações junto da tutela, mas sem sucesso.

Na sua página oficial, o Governo assegura que a reestruturação “fará com que 250 mil portugueses ganhem médico de família”, que “o percurso dos utentes pelo sistema de saúde e pelos diferentes níveis de cuidados” sairá facilitado, e haverá “maior motivação dos profissionais e satisfação dos utentes”.

Assim se deseja, já que um estudo divulgado esta semana revela que quase metade dos portugueses não teve acesso a cuidados de saúde pelo menos uma vez em 2019, um valor substancialmente superior à média europeia, que foi de 26%.

Segundo esta análise, a falta de acesso aos cuidados de saúde em Portugal é maioritariamente associada a razões de ordem financeira (25,6%), mas também aos tempos de espera, o que coloca o nosso País “numa situação desfavorável em relações aos restantes países europeus”.