Opinião

A tragédia das palavras

3 out 2019 00:00

Em vez de nos preocuparmos com o que realmente querem dizer as palavras que escrevemos ou dizemos, preferimos matar qualquer espécie de debate ou consenso sobre seja o que for.

Nietzsche bem nos avisou. É verdade que na moeda corrente o pensamento do alemão deve valer bem menos em Portugal que o daquele rapper que delineou, sem hesitar e todo-poderoso, o que é isso do feminismo e de que cor é a pobreza.

Ou daquele escritor de auto-ajuda que junta palavras aos molhos e as atira para os livros, deixando as pessoas mais felizes. Nietzsche filósofo.

Era mais exactamente um filólogo, i.e., investigava as palavras, media a sua duração e viajava, através do seu significado, até ao âmago dos conceitos. Inevitavelmente, chegava sempre à Grécia Antiga, berço do abecedário filosófico.

Em vez de nos preocuparmos com o que realmente querem dizer as palavras que escrevemos ou dizemos, preferimos matar qualquer espécie de debate ou consenso sobre seja o que for.

Vivemos motivados por uma necessidade de ter razão, de nos justificar perante as críticas. Isto revela-nos tal e qual somos: insociáveis em redes sociais, intelectuais da mesa dos amigos.

A favor de todas as liberdades menos das dos outros, os tais que nos contrariam. Esta atitude é uma opção nossa. Não é uma consequência de um dado estímulo.

Agredimos porque nos sentimos vítimas de contextos que não existem; ofendemos, mas só porque as pessoas “merecem”, e assim vamos

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