Opinião

A Rússia de Putin

24 jan 2022 15:45

O Ocidente pressiona Putin com promessas de mais sanções

Para compreender melhor o atual risco de confrontação Rússia NATO/EUA é necessário dividir a história recente do maior país do mundo em três distintas fases:

1ª fase 1990-2000 – Colapso da União Soviética e consequente bancarrota da Rússia e saque dos recursos naturais pelo Ocidente;

2ª fase 2000-2014 -   Vladimir Putin assume a presidência da Federação Russa e coopera com o Ocidente;

3ª fase 2014-presente – Reintegração da Crimeia na Federação Russa e confronto aberto com o Ocidente.

Vladimir Putin assumiu no início do presente século a presidência da Rússia, um país em ruína após o colapso da União Soviética.

Com Putin o PIB per capita foi multiplicado por cinco, os russos voltaram a ter orgulho no seu país e a Rússia voltou a ter um papel relevante no mundo.

Até ao ano de 2014, o Ocidente pensava ter a Rússia de Putin sob controlo através de cooperação em várias áreas.

No entanto, nesse mesmo ano, o governo legítimo da Ucrânia foi derrubado por um golpe apoiado pelo Ocidente (União Europeia e NATO/EUA).

Vladimir Putin compreendeu que era o início da expansão da NATO para a Ucrânia e por esse mesmo motivo reintegrou a Crimeia na Federação Russa.

Não esquecer que a Crimeia é um território étnico russo que tinha sido “cedido” em 1954 à Ucrânia pelo então presidente da União Soviética Nikita Khrushchev.

Mesmo que apenas oito países no mundo reconheçam este território como parte integrante da Federação Russa, a reintegração da Crimeia é vista como um facto consumado na comunidade diplomática internacional.

Putin também incitou uma guerra civil de separatistas pró-russos na região do Donbass, leste da Ucrânia, por forma a garantir que a mesma não possa aderir à NATO.

Países com conflitos territoriais ativos não podem entrar na aliança.

No final do passado mês de novembro Putin deslocou mais de 100 mil soldados e equipamentos para junto da fronteira com a Ucrânia o que levou a NATO/EUA a acusarem a Rússia de a pretender invadir.

Foi neste contexto que na passada semana as delegações diplomáticas da Rússia e dos EUA reuniram em Genebra para negociarem o fim da confrontação.

Como já era de esperar não se chegou a nenhum acordo, uma vez que Putin exigiu o compromisso do fim da expansão da NATO e a retirada de forças militares de todos os países que pertenciam à União Soviética, incluindo os dos países que entraram em 1997, o que nunca será aceite pelos EUA.

O Ocidente pressiona Putin com promessas de mais sanções, no entanto a história tem mostrado que o real impacto das mesmas tem sido favorável à própria Rússia.

Estará o mundo à porta de um confronto militar entre os dois países com os maiores arsenais nucleares do mundo?

É pouco provável, mas o risco é real.

 

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990