Opinião

A oportunidade do Papa

6 jan 2017 00:00

A vinda do Papa a Fátima marcará, indubitavelmente, o ano de 2017, colocando esta região sob os olhares de todo o Mundo durante dois ou três dias.

Para receber Francisco espera-se a maior concentração de sempre de peregrinos em Fátima - há quem projecte oito milhões de pessoas –, ou não fosse este Papa um dos mais carismáticos de que há memória, numa personalidade que conjuga a coragem com a humildade, a simpatia com o humanismo, e não se estivesse a assinalar o centenário das Aparições num dos principais santuários marianos.

Ou seja, a presença do Papa Francisco numa comemoração tão carregada de simbolismo para milhões de pessoas de todo o Mundo será uma oportunidade única para esta região se promover turisticamente, diminuindo a distância face ao Portugal que está na moda e que, de ano para ano, vê crescer quase exponencialmente o número de visitantes.

No entanto, isso só acontecerá em consequência de muito trabalho e planeamento, que se espera que já esteja em prática, pois se nada for feito voltaremos a ver outras regiões, nomeadamente Porto, Coimbra e Lisboa, a lucrarem com Fátima, ficando Leiria apenas com as migalhas.

Partindo do princípio que os autarcas desta região estão atentos ao assunto, pode-se supor que as principais agências de viagens de turismo religioso foram contactadas, que foram oferecidas soluções conjuntas entre as diversas autarquias para manter os turistas vários dias, que os concelhos vizinhos de Ourém estão a preparar iniciativas com potencial de atracção turística e que os empresários do sector foram envolvidos e sensibilizados para um trabalho em parceria.

Imagina-se, ainda, que terá sido criada uma equipa de especialistas para 'vender' esta região na internet, nomeadamente nas redes sociais, por forma a combater a maior visibilidade e notoriedade de outras regiões do nosso País.

Tudo isto, obviamente, sob o comando dos autarcas desta região e não do Turismo do Centro que, como já se percebeu, deveria chamar-se Turismo de Coimbra e Aveiro.

Se tudo estiver a ser feito como se supõe, ou ainda com mais competência, como é natural, certamente que a região de Leiria vai aproveitar esta oportunidade única que se avizinha e vai conseguir, finalmente, aparecer no mapa do turismo internacional, deixando de ser uma das poucas zonas do nosso País que ainda não se afirmou e não tem conseguido lucrar com o salto que Portugal deu neste sector.

E nem será necessário ser muito exigente para, no final, se fazer um balanço positivo. Bastará que 10% das pessoas que estarão em Fátima não se desloquem para Lisboa ou Coimbra para dormir e comer.

Seriam 800 mil a gastar nesta região e, principalmente, a conhece-la, podendo, assim, regressar ou aconselhá-la. Vamos ver...

Director do JORNAL DE LEIRIA