Opinião

A natureza do amor

2 ago 2018 00:00

Atrevo-me a escrever sobre a arte de amar.

Ou sobre o acto universal de cultivar sentimentos pelos outros com quem nos relacionamos e mais estimamos, movimento livre que tem subjacente um mecanismo biológico determinado pelo sistema límbico (SL), unidade cerebral que é o centro das emoções.

O SL integra as estruturas cerebrais relacionadas com comportamentos emocionais e sexuais, memória, aprendizagem, motivação, e também com as respostas homeostáticas de autoregulação e equilíbrio.

A sua função será a integração de informações sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afectivo a correlacionar com as memórias préexistentes. E isso conduz à produção de uma resposta emocional (in)adequada, (in)consciente e/ou vegetativa em função de uma multiplicidade de variáveis.

Lucrécio, poeta e filósofo romano do século I a.c., nada sabia sobre o SL quando ousou escrever um longo poema intitulado Da natureza das coisas. Entre as inúmeras referências àquilo que hoje denominamos de mente e conduta, registamos nessa obra magníficas passagens que aludem ao estado das pessoas quando se apaixonam, o que comprova que este é um domínio transversal a todas as épocas, civilizações e culturas.

Mas também um afecto de domínio incontrolável, rebatendo os sentidos e contaminando a racionalidade, em função do deslumbramento que a ele se associa. De entre outras noções basilares, é atribuída a Lucrécio a ideia de que “a natureza está em nós mais do que a consciência sobre nós mesmos”, o que pressupõe que a vida individual e a forma como ela se vai edificando por via de conexões imponderáveis ou acasos é complexa, orgânica e instintiva.

Mesmo que o domínio da consciência seja um recurso superior do ser humano, o enamoramento – bondade, prazer, satisfação, paixão, ciúme, desgosto, trauma, dependência, apenas para referir alguns, rele

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