Opinião
6 de julho, um dia que mudou a História
Neste período de férias, onde os países exóticos são uma possibilidade, a consulta do viajante é mandatória
Foi a 6 de julho de 1885 que Louis Pasteur administrou pela primeira vez uma vacina contra a raiva num humano. Joseph Meister, de 9 anos de idade. Teria a morte por certa se Pasteur não tivesse tido a coragem de a aplicar no menino. Suportou-se na evidência que tinha do seu sucesso em ensaios laboratoriais que tinha já feito, em coelhos e cães mordidos por cães raivosos, com bons resultados.
Auspiciosa tentativa, porque o menino salvou-se. Ele e tantos outros que, desde então receberam este tratamento. Esta realidade hoje é bastante menos comum, para não dizer rara. Hoje, os cães são vacinados contra a raiva, e isso protege-nos a nós, se inadvertidamente algum cão, vacinado, nos morder.
Mas se incertezas houverem, dúvidas não há quanto à administração em nós, e imediata, dessa vacina anti-rábica. E este paradigma estende-se a vários outros animais, silvestres, isto é, que andam pela natureza. Não domesticados, portanto. E variáveis em função do país onde nos encontramos. A viver ou em lazer. Porque são vários os animais portadores deste vírus.
É sobretudo através da saliva que se propaga, e portanto as mordeduras são o grande paradigma da doença. Qualquer uma deve ser tratada como potencial portadora deste vírus terrível, que nos assola desde sempre. E para o qual a cura é parca. Existe sim a profilaxia pós-exposição, que deve ser iniciada o mais rapidamente possível após o acidente. Onde quer que estejamos, em qualquer parte do mundo.
E importa também destacar que um arranhão causado por um animal silvestre deve também ser tratado de igual forma. Em Portugal, o último caso reportado de raiva foi em 1960. Autóctone, isto é, ocorrido internamente, não por importação, ou seja, por uma pessoa que chegou ao nosso país já infetada com o vírus.
Este nosso sucesso depende do sucesso da permanente vacinação dos animais e de outras medidas de controlo sanitário. Mas o mesmo não acontece nalgumas partes do mundo, onde o problema é ainda importante.
Neste período de férias, onde os países exóticos são uma possibilidade, a consulta do viajante é mandatória, ainda mais se a viagem se destinar a estes paraísos que podem ter verdadeiros pesadelos escondidos. A raiva é um deles. Mas há muitos outros. Malária, febre amarela, Zika, Chikungunya, e tantas outras.
E por isso é mesmo mandatória esta consulta antes destas aventuras, para aprendermos como prevenir estes potenciais pesadelos e como atuar quando a prevenção não chega. Boas férias!
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990