Missão Ucrânia

Yuriy e Dmytro ainda não conhecem a família que vão buscar a Rzeszow, no outro lado da Europa

4 mar 2022 19:22

Os dois ucranianos, tal como muitos outros, percorrem agora as estradas de Portugal e da Europa, em carrinhas ou carros particulares, a salvar quem é possível salvar, a ajudar como é possível ajudar

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É um sol magnânimo que aquece a esplanada da área de serviço em Vila Velha de Ródão, na auto-estrada A23. Yuriy Kupriyan e Dmytro Bedei sentam-se para outro privilégio muito português: o café expresso. Neste canto da Europa que escolheram para viver, os dias sucedem-se com o conforto e a tranquilidade a que já estão acostumados, mas na cidade que os aguarda, Rzeszow, na Polónia, a realidade é outra, totalmente diferente. Os refugiados da guerra continuam a chegar, à medida que as bombas sobre a Ucrânia provocam mais e mais destruição. 

Yuriy e Dmytro convergem momentaneamente em Vila Velha de Ródão com as duas carrinhas da operação SOS Ucrânia que saíram de Leiria pela manhã, carregadas com bens com destino à fronteira da Hungria com a Ucrânia, uma delas apoiada pela Movicortes. 

Esta sexta-feira, à tarde, mais três carrinhas originárias de Leiria se fazem à estrada, também com donativos. No regresso, vão trazer famílias ucranianas. Para Yuriy e Dmytro, é impossível não agir. Eles e outros percorrem agora as estradas de Portugal e da Europa, em carrinhas ou carros particulares, a salvar quem é possível salvar, a ajudar como é possível ajudar. 

Na carrinha em que seguem levam produtos de higiene, roupa, alimentos, mantas, recolhidos por uma igreja da zona de Lisboa. Eles são do Barreiro. A empresa de Yuriy emprestou a carrinha e paga-lhe como se estivesse a trabalhar. Também vão trazer refugiados para Portugal. Seis pessoas. Ainda não sabem quem. Serão aqueles que precisarem de uma rota para escapar ao terror. 

Da Ucrânia, recebem notícias cada vez piores. Na região de origem de Dmytro no centro do país invadido pela Rússia, o conflito agrava-se. Para ambos, Portugal é agora o lugar onde têm a família mais próxima. Pais, filhos, companheiras e amigos. E um futuro. É aqui que se vêem nos próximos anos e são estas raízes que os levam a ficar do lado de cá da guerra, a não pegar em armas, mas a suportar o esforço humanitário ao longo de milhares de quilómetros. Porque, para eles, é impossível não agir.