Sociedade

Vereadora de Pedrógão Grande afirma em tribunal que era “para reconstruir tudo”

7 out 2021 15:02

Julgamento prossegue no dia 21, com as declarações de nove arguidos

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Pedrógão Grande
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

A vereadora da Câmara de Pedrógão Grande Margarida Guedes afirmou hoje no julgamento das alegadas irregularidades na reconstrução das casas de Pedrógão Grande após os incêndios de 2017 que era “para reconstruir tudo” e citou o Presidente da República.

“Era tudo para reconstruir, foi sempre o que ouvi enquanto vereadora sem pelouros”, disse Margarida Guedes, na Batalha, onde hoje decorreu mais uma sessão do julgamento do Tribunal Judicial de Leiria.

A autarca assegurou que “nunca ouviu outra coisa”, insistindo que “era tudo para reconstruir”.

“[Ouvia] em todo o lado. Houve uma altura em que o senhor Presidente da República também disse que era tudo para reconstruir, até galinheiros”, declarou Margarida Guedes, referindo ser, igualmente, essa a indicação do Governo.

Segundo a vereadora, foi esta “a sensação que sempre pairou em toda aquela gente”, na qual se inclui, reiterando que era “para reconstruir e depressa, porque era preciso que as pessoas tivessem casa, refizessem as suas vidas”.

Margarida Guedes adiantou que nunca ouviu que “eram primeiras ou segundas” habitações, repetindo que “era para reconstruir tudo”.

De acordo com esta testemunha, só passados muitos meses, em 2018, é que “se começou a falar em segundas habitações”.

A autarca disse ainda que a Câmara de Pedrógão Grande não tinha “recursos humanos ou físicos” para responder à catástrofe dos incêndios.

"A Câmara não tinha meios, não tinha técnicos, não tinha capacidade humana", observou, acrescentando não ter tido qualquer participação no processo de reconstrução das casas.

Na sessão de hoje, prestaram depoimento outras quatro testemunhas.

O julgamento prossegue no dia 21, com as declarações de nove arguidos.

Dos 28 arguidos em julgamento, nove comunicaram, através dos respectivos advogados, que pretendem falar ao colectivo de juízes.

Entre os arguidos que manifestaram esta vontade não estão o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, nem o ex-vereador deste município Bruno Gomes.

As alegações finais devem arrancar no dia 4 de Novembro, prosseguindo nos dias 11 e 18.

O julgamento das alegadas irregularidades no processo de reconstrução das casas que arderam no incêndio de Junho de 2017 no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que alastrou a municípios vizinhos começou em 26 de Outubro de 2020.

Valdemar Alves e Bruno Gomes estão pronunciados por 20 crimes de prevaricação de titular de cargo político, 20 crimes de falsificação de documento e 20 crimes de burla qualificada, os mesmos do despacho de acusação.

Este incêndio provocou 66 mortos e 253 feridos, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.