Economia

Valéria. Do Catar para Fátima, à procura de uma vida mais doce

26 dez 2025 14:00

Cake designer inaugurou o seu estabelecimento há um ano

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DR
Daniela Franco Sousa

Tem apenas 26 anos, mas Valéria El Mohtar conta já com um percurso riquíssimo, cheio de experiências e muito mundo, vivências que transpõe para os seus doces e para o seu negócio que abriu há um ano, em Fátima.

Filha de libaneses, Valéria nasceu na Venezuela onde se formou em Pastelaria, Padaria e Cozinha e onde começou a vender os seus primeiros bolos. “Mas, em 2018, a situação não era nada boa na Venezuela. Como tinha uma irmã emigrada no Catar, desafiou-me e eu juntei-me a ela”, conta Valéria. Ao longo de ano e meio, a jovem trabalhou na luxuosa ourivesaria Cartier, onde adquiriu experiência de contacto com um público muito exigente, actividade que conciliava com a confecção de bolos.

“O Catar é um país de luxo. Gostei muito da comida e do nível de excelência dos estabelecimentos. Gostei da experiência, mas não me via lá no futuro. Não gostei do clima e, culturalmente, é um povo fechado, que não cria oportunidades para um estrangeiro se estabelecer por conta própria”, defende Valéria.

Neste contexto, e porque tinha o sonho de abrir o seu negócio de pastelaria, a jovem não hesitou em deixar o território árabe.

A ideia de se fixar em Portugal surgiu por intermédio de uns amigos da mãe, que residem em Mira de Aire. Valéria acabou por encontrar emprego na hotelaria, que conciliou com a confecção de bolos. Foram necessários cinco anos de trabalho árduo, entre as duas actividades, “sem fins-de- semana nem feriados”, até conseguir abrir o seu próprio estabelecimento Valéria El Mohtar – Cake Designer.

Pelo meio, foi também necessário voltar a estudar Cozinha e Pasteleria nível IV e tirar o curso de Formação de Formadores. O espírito combativo foi herdado da mãe, salienta.

A partir de Fátima, um local “tranquilo e também menos burocrático”, Valéria faz bolos personalizados para aniversários, casamentos e outros eventos especiais, num espaço que é também o seu atelier, onde dinamiza formação em confeitaria.

As vivências pelo mundo estão espelhadas nas suas criações: fusões entre doçaria venezuelana e portuguesa, sobremesas tipicamente portuguesas e típicas do Líbano. “Tudo é feito de forma artesanal, sem preparados nem conservantes.”

O estabelecimento não abre directamente ao público, mas funciona de terça-feira a domingo e aceita encomendas presencialmente ou através das redes sociais. Dia 12 de Janeiro, a loja celebra o primeiro ano e as celebrações acontecem em Fevereiro, depois dos dias mais agitados de Natal e Ano Novo, adianta a empresária.