Desporto

“Se tivesse ficado em Portugal o mais provável era já não jogar”

26 nov 2015 00:00

Enquanto Mauro Eustáquio, pelo que tem feito no Canadá, é já um nome de quem se fala pelo mundo do futebol, alguns dos seus colegas na formação da União de Leiria permanecem longe dos holofotes. Fomos perceber porquê.

Juniores da União de Leiria, em 2011/12 (Foto: Fernando José)
Mauro Eustáquio (Foto: Ricardo Graça)
Mauro Eustáquio (Foto: Ricardo Graça)
Mauro Eustáquio (Foto: Ricardo Graça)

“Este é, de longe, o onze com maior qualidade individual da formação da União de Leiria.” Quando olha para a fotografia, Fernando Encarnação não consegue esconder um sorriso. 

É nela que estão estampados os rostos de alguns dos meninos que ajudou a crescer de castelo ao peito. Tem um orgulho desmedido em todos eles, mesmo aqueles que optaram por enveredar por outro caminho que não o futebol profissional.

A equipa que vos apresentamos é a de juniores que fez o campeonato de 2011/12. Passaram quatro anos desde que o fotógrafo Fernando José captou a imagem. Nesse ano, a União de Leiria foi oitava classificada da 1.ª Divisão do escalão. O título nacional sorriu ao Sporting, equipa com quem chegou a empatar em Alcochete. 

E se a União de Leiria tinha Filipe Oliveira, Carlos Daniel e Miguel Rodrigues, os leões apresentavam-se com Carlos Mané, Iuri Medeiros e Bruma. E Ricardo Esgaio. E João Mário. E Tobias Figueiredo. E Tiago Ilori...

Hoje, todos estes nomes leoninos estão consagrados no panorama do futebol nacional. Jogam em grandes equipas ou, no pior dos casos, na 1.ª Liga. Já assinaram contratos milionários, têm o futuro assegurado e alguns deles até já representaram a principal selecção de Portugal. 

No fundo, foram-lhes dadas oportunidades num clube que tem na Academia de Alcochete a sua principal fonte de recrutamento.

Já deste onze da União de Leiria, do qual Fernando Encarnação diz maravilhas, nove atletas chegaram a internacionais. Oito por Portugal e Mauro Eustáquio pelo Canadá. Só o guarda-redes portomosense Wilson Soares e Marco Grilo, que até ao escalão juvenil alinhou no Benfica, jamais sentiram aquela honra. 

O trajecto na formação é merecedor dos maiores encómios, mas só um joga hoje – e pouco – no escalão principal do futebol português. 

Estamos a falar de Miguel Rodrigues, clube pelo qual já fez 62 jogos na 1.ª Liga, ainda que nenhum na temporada que decorre. No segundo escalão também só há um representante desta equipa: Pedro Almeida, no Atlético.

Curiosamente, o homem do momento é outro e se há quatro anos, quando esta fotografia foi tirada, fosse perguntado onde estaria, no final de 2015, Mauro Eustáquio, poucos apostariam num percurso de tanto sucesso. Nem o próprio! 

“Não por não acreditar no meu valor, mas pelo facto de não existirem muitas oportunidades em Portugal. Perdem-se muitos valores, que são obrigados a jogar nas ligas não profissionais. É pena, mas infelizmente a mentalidade ainda não mudou.” 

Do outro lado do oceano, o nazareno tem tido um destaque inaudito no campeonato profissional norte-americano NASL, onde foi vice-campeão com as cores do Ottawa Fury, só perdendo na final com o New York Cosmos, de Raúl González. A vida é assim. Dá muitas voltas. Mesmo num período de tempo tão curto.  

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