Sociedade

“As salas de aula têm um formato de autocarro”

2 fev 2017 00:00

Fórum Educação não formal debateu mudanças no ensino para entusiasmar alunos

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“As salas de aula são em formato de autocarro, com os alunos todos virados para o mesmo lado e a comportarem- se como um autocarro. Está alguém à frente a dirigir e uns estão a viajar, outros estão a dormir e outros estão a olhar para a paisagem.” Foi assim que o secretário de Estado da Educação, João Costa, definiu as salas de aula actuais, durante o II Fórum educação não formal, organizado pela Junta Regional de Leiria do Corpo Nacional de Escutas.

O governante alertou para a necessidade de alterar o formato das aulas. “Este formato de autocarro funciona quando o que está à frente é o único que sabe, desde que os outros todos tenham uma posição passiva. Não promove de todo o trabalho cooperativo, nem o questionamento e a curiosidade intelectual”, justificou.

Lembrando que hoje o conhecimento está “no bolso” e para saber uma informação basta recorrer ao google, João Costa salientou que é preciso preparar os jovens para serem “competentes em usar, pesquisar e analisar informação”, porque a internet tem informação verdadeira e falsa.

O secretário de Estado considerou ainda que a escola está organizada no modelo do século XIX e início do século XX, “com um conjunto de disciplinas que não falam entre si”. No entanto, “no mundo empresarial verifica-se que as fronteiras entre disciplinas se começaram a esbater e a maior parte do conhecimento é transdisciplinar”.

João Costa defendeu também uma contaminação da educação não formal na escola, o que poderá ajudar a motivar os alunos, sobretudo aqueles que não querem estudar. “A forma como os conteúdos são trabalhados, como os alunos são envolvidos é uma das competências que temos de trazer para a escola. Lançámos um plano de tutoria onde os alunos desenvolvem competências sócio-emocionais de relação com a escola.”

Considerando que o currículo actual “está obeso”, João Costa prometeu uma dieta, identificando em cada disciplina “quais são as aprendizagens essenciais, libertando tempo para outras aprendizagens mais práticas” e outro tipo de projectos. João Matos, professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, também defendeu que a escola hoje tem de “preparar os jovens para trabalhar em empregos que ainda não foram criados e com tecnologias que ainda não foram inventadas”.

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