Sociedade

Raul Castro, candidato pelo PS, a Leiria: "já não é o tempo dos trauliteiros e dos obcecados pelo vício do poder"

19 jul 2017 00:00

"[Com o multiusos] Não vamos ter outro estádio, em termos de derrapagem de custos", diz Raul Castro, cabeça-de-lista do PS à Câmara de Leiria, que procura um terceiro mandato.

raul-castro-candidato-pelo-ps-a-leiria-ja-nao-e-o-tempo-dos-trauliteiros-e-dos-obcecados-pelo-vicio-do-poder-6852
Maria Anabela Silva

Além da consolidação das finanças municipais, qual a medida mais marcante do seu mandato?

Ter as finanças em dia permite com o mesmo montante fazer mais obra. A segunda vantagem é a credibilização da imagem da autarquia e a injecção de dinheiro na economia local. Temos hoje um prazo médio de pagamento de seis dias, o que dá segurança aos fornecedores.

O que faria de maneira diferente?

Não tinha alternativa. Quando cheguei, havia facturas com meses de atraso. Entretanto, saiu a Lei dos Compromissos que exige que haja dinheiro atempadamente para execução da obra. Isso veio regularizar a gestão nas autarquias.

Tínhamos de lutar pela recuperação financeira da autarquia, para podermos desenvolver o nosso programa. Quisemos, no entanto, manter a disponibilidade para executar obra e fizemos intervenções em áreas importantes para nós, porque têm a ver com a qualidade de vida do concelho. Leiria tem hoje um conjunto de indicadores nacionais que são reveladores disso mesmo.

Falou em qualidade de vida, mas há ainda o problema da poluição do Lis.

Não é fácil de resolver. O sector suinícola é importante para a economia local, mas também tem custos para o ambiente, que não são provocados pela generalidade dos produtores, mas por alguns que continuam a perverter as regras, afectando a qualidade ambiental do concelho. E não é só dos cursos hídricos.

Há unidades hoteleiras em Monte Real que também sofrem. O que temos vindo a fazer, sem agitar bandeiras, é insistir junto das entidades competentes para que se criem condições para resolver o problema. Não é por acaso que foi diferido o prolongamento do prazo para o aproveitamento dos fundos comunitários para a ETES. Os municípios não podem participar em sociedades com natureza mercantil, como aquela que irá explorar a ETES. Basta ver os acórdãos do Tribunal de Contas.

Há quem acuse a Câmara de, nesta questão, estar sempre mais do lado dos suinicultores do que do ambiente.

A maior parte das explorações pecuárias estava em situação irregular e hoje encontra-se legalizada, com o recurso à declaração de interesse público. Mas, para tal, as explorações tiveram de fazer obras para garantir o mínimo impacto ambiental. Há um ganho que tem sido conseguido, também com maior consciência dos produtores.

O candidato do PSD acusou-o, em entrevista ao JORNAL DE LEIRIA, de ser “um presidente cómodo, que não gosta de criar ondas” e que “não se envolve nas grandes causas da região”. Como comenta?

Houve momentos em que pensei que só eu defendia Monte Real. Agora, já todos defendem. É preciso saber trabalhar as coisas no sentido certo. O que se pretende é um aeroporto regional internacional, mantendo a base, com um modelo idêntico ao das Lajes.

Além de mim, há muita gente a trabalhar nos bastidores. Não vejo nessas reuniões alguns dos papagaios que por aí andam. Nas causas importantes eu estou lá.

Não faço nem nunca fiz política de fachada. Já não é o tempo dos trauliteiros e dos obcecados pelo vício do poder. As pessoas querem alguém que lhes fale verdade. Eu e a minha equipa disponibilizámo-nos, e cumprimos, para dar o melhor de nós e fazer mais e melhor por este concelho. Cometemos alguns erros, naturalmente.

Falou em “obcecados pelo vício do poder”. A quem se está a referir?

A ninguém em concreto.

 

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.