Viver

Quando o mosteiro da Batalha era colorido

19 jun 2016 00:00

Estranhou quando, em Leiria, a autarquia pintou o convento de Santo Agostinho de azul? Fique sabendo que essa era, aproximadamente, a sua cor original. E deixou de o ser porque pintar de branco é mais barato.

quando-o-mosteiro-da-batalha-era-colorido-4410
Jacinto Silva Duro

Aliás, os castelos e mosteiros medievais eram profusamente coloridos e as suas paredes, além de rebocadas, continham inscrições e frescos valiosos. As paredes com pedra à vista são apenas tristes recordações de tempos mais belos e inspiradores.

O mosteiro da Batalha não era diferente e, na Capela do Fundador, ainda é possível descobrir vestígios de cores. Os relatos escritos descrevem estrados, madeiras, altares folheados a ouro e um armário com vários pertences de D. João I.

O Terramoto de 1755 fez demolir o tecto da estrutura e o seu coruchéu e a infiltração das águas acelerou o processo de destruição do interior.

Contudo, também foi feita a remoção dos rebocos e dos valiosos frescos antigos durante o século XIX, ao abrigo de uma ideia romântica e enviesada dos responsáveis pelo restauro de vários monumentos nacionais, que acreditavam que a imponência dos espaços estava ligada à visão da pedra nua e fria.

Esta destruição irreparável manteve-se até ao século XX, quando, nos anos 40, durante o Estado Novo, também os castelos foram intervencionados. Mas, parte do conjunto cromático de Santa Maria Vitória poderá ressuscitar.

Uma parceira entre o mosteiro, a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) promete a médio prazo mostrar o seu esplendor e cor. “O grupo vai estudar os pigmentos microscópios, que ainda podemos lá encontrar e comparar com outros monumentos na Europa e com as iluminuras antigas.

Depois o IPL digitalizará e reconstruirá virtualmente as áreas de cor”, explica o director do monumento, Joaquim Ruivo. A exibição ao público ainda está a ser alvo de estudo, mas, em cima da mesa estão as hipóteses de colocar, em vários locais, ecrãs que mostrarão como eram os espaços ou luzes que “pintarão” a pedra.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.