Sociedade

PSP e GNR desesperam com carros velhos e degradados

2 ago 2018 00:00

Problema transversal a infra-estruturas, carros patrulha e rádios.

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(Actualização: O MAI enviou os esclarecimentos já com a edição na gráfica, pelo que serão publicados na edição impressa de 09 de Agosto).

 

Veículos envelhecidos e degradados, rádios colados com fitacola, carência de meios humanos, falta de condições nos comandos, esquadras e postos e envelhecimento dos agentes são alguns dos problemas que enfrentam homens e mulheres que vestem a farda da GNR e PSP e que garantem a segurança e ordem pública e ainda se dedicam a ajudar os idosos, com os seus programas direccionados aos mais velhos e em situação isolada.

“A maior carência com que nos deparamos no Comando Distrital da PSP de Leiria, sendo transversal ao resto do País, é a falta de pessoal e de meios automóveis. As saídas de pessoal não têm sido compensadas com entradas de novos elementos e não têm sido adquiridos veículos em número adequado às necessidades.” A denúncia é de Mário Duarte, secretário nacional da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.

Segundo este dirigente, no comando de Leiria, o efectivo, além de reduzido está a ficar envelhecido. Em Alcobaça e Nazaré, dois locais onde os turistas “triplicam a população”, sobretudo, neste período, as esquadras têm um efectivo de 30 elementos.

Este é o número médio de agentes na maioria das esquadras, “limitando-se muitas vez o efectivo por turno ao graduado de serviço, que além de ser o responsável pelo grupo, efectua também o atendimento ao público, e ao carro patrulha”, denuncia Mário Duarte.

“É difícil encontrar elementos de serviço com menos de 40 anos, uma vez que a transferência de um elemento para este Comando, demora cerca 12 a 13 anos”. Assim, a média de idades vai subindo, estando já próxima dos 50 anos.

“Num efectivo envelhecido será susceptível de existirem mais baixas por doença, mais elementos em serviços não operacionais, diminuindo ainda mais os já poucos disponíveis para este serviço, reduzindo efectivamente a operacionalidade das esquadras”, acrescenta.

O grande défice da frota automóvel prende-se com os veículos descaracterizados para a investigação criminal e com as carrinhas das Equipas de Intervenção Rápida.

Muitos dos veículos têm cerca de 400 mil quilómetros “estando já em muito mau estado de conservação e com perto de 20 anos”. No geral, o parque automóvel do comando está “envelhecido”, obrigando a constantes idas à oficina.

“O dinheiro despendido em constantes arranjos, que em muitos casos só servem para remediar, seria compensado se adquirissem veículos novos”, sugere Mário Duarte.

Esquadras fecham por falta de pessoal

Os rádios emissores/receptores não existem em número suficiente em todas as esquadras e há elementos que não têm acesso a este meio quando entram de serviço. “Muitos dos rádios que ainda estão operacionais encontram-se em muito mau estado de conservação, com falta de botões, bateria colada com fita-cola, antenas coladas, etc”, revela.

Falta de impressora própria na maioria dos serviços, computadores desactualizados e em número insuficiente e edifícios com várias infiltrações são outras das reclamações dos agentes.

“O que até há pouco tempo seria impensável por parte das nossas chefias está já a acontecer ou irá registar-se muito brevemente: esquadras a fecharem à noite por falta de pessoal”, revela ainda Mário Duarte.

Garantindo que o socorro às pessoas nunca estará em causa, o dirigente acrescenta que ao se alocarem meios de uma esquadra para outra localidade, o serviço de origem fica sem meios.

Não obstante, Mário Duarte garante que o sucesso do trabalho se deve exclusivamente ao “esforço de todos os homens e mulheres que servem o país nesta instituição”, que “trabalham muitas vezes depois do seu normal horário e nas suas folgas, sacrificando a sua vida pessoal”.

GNR sem condições físicas

“O comando da GNR de Leiria não tem condições para funcionar como uma força moderna.” A denúncia é de Nuno Rodrigues, dirigente nacional da Associação dos Profissionais da Guarda, que considera ser urgente a construção de um novo quartel de raiz.

O espaço utilizado pelos militares é um “convento adaptado” e à medida que o Comando foi crescendo, a GNR foi ocupando as instalações do antigo Magistério Primário, propriedade do Instituto Politécnico de Leiria, que, de acordo com um militar, estão degradadas.

Os meios também são escassos e envelhecidos. “Os veículos têm muitos quilómetros. O Governo prometeu investimento em meios automóvel e de protecção individual, mas é preciso materializar”, afirma Nuno Rodrigues.

O comando não tem sequer espaço para colocar os veículos apreendidos no âmbito de processos crime, obrigando a que muitas vezes recorram a fiéis depositários. Também devido a este condicionalismo, o Destacamento de Intervenção de Leiria, cuja área de acção é a do distrito, instalouse no terreno da antiga Junta Autónoma de Estradas, junto à estrada nacional 109.

Aliás, este é precisamente o local que a Câmara de Leiria assumiu poder ceder para ser construído um novo quartel, se o Ministério da Administração Interna assim o entender. Segundo um militar, o destacamento de Alcobaça foi previsto mas nunca avançou.

É Caldas da Rainha que assume os dois concelhos. Por essa lacuna, Alcobaça não tem secção de programas comunitários, nem Núcleo de Investigação Criminal e Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente. “Sempre que algum destes órgãos é necessário em Alcobaça tem de se deslocar de Caldas da Rainha.”

“O destacamento de Pombal é o que está em melhores condições, mas graças aos apoios da autarquia do tempo de Narciso Mota”, acrescenta o mesmo militar.

O JORNAL DE LEIRIA enviou várias perguntas ao Ministério da Administração Interna, mas até ao fecho de edição não obteve qualquer resposta. 

 

Presidente da CML
Raul Castro “Não compete ao Município assumir a despesa”

A Câmara de Leiria continua disponível para ceder o espaço da antiga Junta Autónoma de Estradas ao Ministério da Administração Interna para o novo quartel da GNR?
O Município continua disponível para negociar esse terreno, viabilizando a melhoria das condições de actuação da GNR.

Por que razão esse processo ainda não avançou, apesar de ser reclamado há vários anos?
A questão deve ser colocada ao MAI. O Município está disponível para negociar a utilização do terreno atrás referido para essa finalidade.

A autarquia está disponível a pagar parte das obras de um novo quartel?
Não compete ao Município assumir essa despesa.

Que conversações têm existido entre a Câmara de Leiria e o Ministério da Administração Interna?
Já houve contactos com a tutela, mas ainda não há decisão.