Sociedade

Poluição no Lis: Quercus acusa ministro do Ambiente de "atirar a toalha ao chão" 

15 abr 2021 16:28

Matos Fernandes entende que o espalhamento dos efluentes suinícolas é, em detrimento das ETES, a melhor solução

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Na bacia hidrográfica do Lis existem mais de 500 suiniculturas
Ricardo Graça/Arquivo

A Quercus entende que o ministro do Ambiente e da Acção Climática revela “incapacidade” para resolver o “grave problema ambiental” que se verifica na bacia do rio Lis ao apontar como “primeira solução”, o “espalhamento de efluente” das suiniculturas localizadas na bacia hidrográfica.

Em causa estão as declarações de João Pedro Matos Fernandes na Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República sobre a poluição na bacia hidrográfica naquele curso de água, na passada terça-feira, dia 13 de Abril.

“A solução de uma grande ETAR [estação de tratamento de águas residuais] demonstra ser uma solução ineficiente, que vai obrigar a um investimento grande”, justificando que “o problema não está no investimento, mas na garantia e no compromisso de quem produz efluentes de os levar a essa mesma ETAR, porque não existe uma rede de esgoto.”

Adianta, pois, que “o ideal é mesmo a valorização e a valorização mais imediata é, obviamente, feita pelo espalhamento”.

Ora, para a Associação Nacional de Conservação da Natureza a resposta preconizada, “além de não ser uma solução efectiva do problema dos efluentes suinícolas, irá constituir-se sim como um factor de agravamento do passivo ambiental que actualmente se verifica”.

“É importante ter em consideração que o espalhamento é uma técnica que já actualmente é utilizada, não tendo resolvido o problema, pelo que, o que foi apontado como solução não o é na realidade. Revela alguma falta de rumo.”

Um “encolher de ombros” que a Quercus entende ser um “atirar a toalha ao chão”. “Soluções existem, podem é ser caras e morosas.”

“É igualmente conhecido que a ETAR de Coimbrão, adaptada ao tratamento de até 700 m3 de efluentes suinícolas, actualmente trata por dia pouco mais de 60 m3. Como consequência, existe ainda um elevado volume de efluentes suinícolas que não são alvo de qualquer tratamento, sendo descarregados descontroladamente no rio Lena, no rio Lis e na ribeira dos Milagres com graves consequências ambientais, para as populações e para a saúde pública.”

A organização de defesa do ambiente estima que nos vários municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do Lis existam mais de 500 suiniculturas com um efectivo de mais de 300 mil cabeças, “o que se traduz em cerca de 1.000 m3/dia de efluentes suinícolas”.