Sociedade

Polícia Marítima da Nazaré apreendeu meixão capturado ilegalmente na foz do Rio Lis

21 mai 2023 09:26

A larva da enguia é considerada uma iguaria valiosa, porém a sua captura é proibida por a espécie estar em grave risco

policia-maritima-da-nazare-apreendeu-meixao-capturado-ilegalmente-na-foz-do-rio-lis
Meixão, por se encontrar vivo, foi devolvido ao seu habitat natural
Fotografia: Polícia Marítima da Nazaré

Elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré apreenderam, na madrugada do dia 19, cerca de 1,2 kg de meixão, enguia-bebé cuja captura é ilegal em Portugal, durante uma acção de patrulhamento no âmbito do combate à captura ilegal deste animal no rio Lis, no concelho da Marinha Grande.

Em comunicação, a Polícia Marítima informa que os militares detectaram uma rede com cerca de 50 metros, com as larvas de enguia, cuja captura é proibida e pode ser qualificada como crime de "danos contra a natureza" por se tratar de uma espécie protegida na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.

Foi elaborado o auto de notícia, tendo os elementos da Polícia Marítima recolhido e apreendido, como medida cautelar, a arte de pesca, bem como o meixão capturado ilegalmente que, por se encontrar vivo, foi posteriormente devolvido ao seu habitat natural.

Na acção estiveram envolvidos quatro elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré, apoiados por uma viatura.

Apreensões de meixão triplicaram desde 2021

No início do ano, a GNR anunciou que a quantidade de meixão apreendida, no último ano, no distrito, triplicou o valor do registado em 2021. Durante o ano transacto, foram recuperados 7,810 quilos de meixão, devolvidos depois ao seu habitat natural, enquanto em 2021 a quantidade apreendida rondou 2,540 quilos.

De acordo com dados facultados pela GNR ao JORNAL DE LEIRIA, a maior apreensão efectuada no ano que agora terminou totalizou 2,995 quilos de meixão. Os dados indicam ainda que, em 2022, foram detidas três pessoas por esta prática de pesca ilegal, enquanto no ano anterior tinha havido uma detenção.

Segundo o major Rainho e Sousa, chefe da secção de Protecção da Natureza e Ambiente do Comando da GNR de Leiria, a pesca de meixão na região faz-se, sobretudo, junto nos rios Lis, Alcoa e Tornada, com o pescado a ser escoado para Espanha, mas também para alguns países asiáticos.

O valor do meixão no mercado final varia consoante a época do ano, mas “pode alcançar os seis mil euros por quilo”, informa a GNR num comunicado emitido a propósito da recente detenção de dois homens, apanhados em flagrante junto à foz do rio Tornada, em Salir do Porto.

A pesca do meixão está proibida em Portugal desde 2000, com excepção de alguns troços do rio Minho, onde, durante certos períodos do ano, é permitida por se tratar de um curso de água “transfronteiriço e por em Espanha esta prática estar autorizada”, explica o major Sousa.

A pesca é feita com uma rede de malha muito fina, para impedir a passagem do meixão (enguia-bebé), que pode medir entre quatro a oito centímetros, sendo necessários entre “quatro a cinco mil exemplares para um quilo”.

“Como o que tem valor comercial são os indivíduos juvenis, que são apanhados antes de chegar à idade adulta, o ciclo reprodutivo não se completa, pondo a espécie em risco”, salienta o chefe da secção de Protecção da Natureza e Ambiente do Comando da GNR de Leiria.