Sociedade

Pinhal Interior aposta em Áreas de Gestão da Paisagem para defesa da floresta

29 jul 2022 16:40

Contratos assinados esta sexta-feira abrangem 7.000 hectares de floresta nos concelhos de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra.

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Protocolos para a operacionalização das três Áreas de Gestão Integrada da Paisagem foram assinados esta sexta-feira, em Figueiró dos Vinhos
Elisabete Cruz

Um contributo na defesa da floresta contra incêndios na zona do Pinhal Interior. Foi desta forma que o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino, se referiu, esta sexta-feira, à criação de três Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP) em Figueiró dos Vinhos (Aguda), Pedrógão Grande (Ribeira da Mega) e Pampilhosa da Serra (Tavessa).

No total, as três AIGP abrangem 7.000 hectares e terão como entidade promotora a FlorestGal ao abrigo dos protocolos assinados hoje entre os três municípios e a empresa pública. Os acordos de colaboração permitirão a elaboração das Operações Integradas de Gestão da Paisagem (OIGP) para aquelas áreas, que contam com o financiamento total do Plano de Recuperação e Resiliência.

O problema da floresta terá de ser resolvido “com o apoio da agricultura e de todos os outros usos”, frisou o secretário de Estado. João Paulo Catarino sublinhou que, “com o minifúndio que temos, só com uma gestão agregada e em escala é que se permite que haja uma gestão agregada destas áreas significativas”.

Estamos a falar de 7.000 hectares nestas três AIGP, onde o Estado, por via do Governo e do PRR, apoia a 100% toda essa transformação, desde que o projecto contribua para esse fim e que os proprietários se mobilizem para que essa transformação acontecer”, acrescentou.

O governante apontou ainda outra das vantagens deste projecto, que passa por contemplar uma intervenção numa “área significativa” e não em “micro-parcelas”. Isso ajuda-nos depois a defender essa área na defesa da floresta contra incêndios e, depois, conseguir compartimentá-la com uma cultura agrícola ou com uma faixa de interrupção de combustível ou com outra cultura que nos ajude a criar este mosaico tão importante para que os incêndios não tenham esta progressão tão acelerada”, salientou

Por seu lado, os proprietários terão um rendimento durante os primeiros 20 anos, valor que irá depender de cada projecto, esclareceu o governante, que sublinhou ainda que esta modificação da paisagem também ajudará Portugal a atingir as metas de sequestro de carbono.

Só conseguiremos atingir esse objectivo se continuarmos a aumentar a nossa área florestal para aumentar a capacidade de sequestro [carbono]. Por essa via também é legítimo que os proprietários tenham algum apoio, porque estão a sequestrar carbono e a produzir oxigénio. Estão a fazê-lo em solo privado, com interesse tanto para o proprietário, como para o país e planeta. Por isso, é legítimo que o possamos compensar por isso”, defendeu.

Já o presidente do conselho de administração da FlorestGal, Rui Gonçalves, considerou que o prazo de dois anos para a execução do projecto é apertado, sobretudo porque se está a “mexer com sistemas naturais”, que “têm o seu próprio tempo”.

Não posso plantar carvalhos em qualquer altura do ano. Na altura dos incêndios não posso trabalhar na floresta e, portanto, vamos ter uma grande pressão para fazer isto. Temos a consciência de que vai ser um trabalho muito difícil”, admitiu.

Rui Gonçalves alertou ainda para que o plano que for estipulado para cada território “não seja demasiado prescritivo”. Não pode ser um plano proibitivo, tem que ser alargado. Tem de se ouvir também as pessoas que estão no terreno. Os técnicos têm um papel a desempenhar, porque conhecem a realidade da ciência, mas é preciso falar com as pessoas que trabalham na terra, que têm experiência de quais eram as práticas agrícolas do passado, que podem, ou não, vir a ser utilizadas no futuro”, reforçou.