Desporto

Pedro Portela: "A simplicidade foi a maior qualidade que herdei dos meus pais"

31 dez 2015 00:00

O andebolista fala dos momentos difíceis dos primeiros tempos em Lisboa, do sonho de jogar no estrangeiro e da importância da família neste percurso

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As pessoas que o conhecem dizem que continua a ser humilde, simpático, sempre pronto a dar um abraço e a falar com todos.

A verdade é que nada mudou. Sou uma pessoa simples e não é por ser profissional do Sporting ou por ser uma pessoa conhecida na cidade e no andebol português que me faz ser diferente. Cresci neste meio e tenho todo o gosto em estar com aqueles que fizeram parte do meu percurso. Depois, para os miúdos, que me vêem com uma referência, tento sempre dar-lhes força e ser um exemplo.

É uma questão de educação?

A simplicidade foi a maior herança que os meus pais me deixaram. Foram os princípios que me transmitiram quando era mais novo. Sou a pessoa que sou porque eles também são simples, o meu irmão também, acho que é de família.

O que mais detesta que digam de si?

Como atleta somos alvo de muitas críticas, mas temos de as aceitar. Importante é saber digeri-las e depois aproveitá-las para ficarmos mais fortes. Mas nem me posso queixar, porque na generalidade recebo mais demonstrações de carinho do que avaliações negativas aos meus desempenhos. Tenho noção do trabalho que realizo, por isso podem dizer o que quiserem. A nível pessoal, considero-me muito amigo dos meus amigos e não gosto que o ponham em causa. O meu grupo sabe que pode contar sempre comigo.

Tem havido, ao longo dos anos, vários miúdos de Leiria que vão jogar para os grandes de Lisboa à espera de uma carreira de sucesso, mas raros têm sido os casos bem sucedidos. Qual foi o segredo para que o seu caso tenha sido tão diferente?

Saí para Lisboa aos 17 anos e tive a sorte de apanhar boas pessoas e um clube que nunca deixou de me apoiar. Tudo o que precisasse, a nível escolar, pessoal e profissional, o Sporting estava lá. Fui viver com atletas, como o Humberto Gomes, que me ajudaram muito na minha adaptação à cidade e no meu crescimento enquanto pessoa. Ele andou desde muito novo fora de Braga, a sua cidade-natal, e tinha muita experiência.

Habitualmente, as saudades são o principal adversário para um atleta nessa condição.

De início vinha quase todos os fins-de-semana a casa, o que acabava por ajudar bastante. A distância da família era um factor muito difícil de superar, porque não foi fácil para um miúdo que mal tinha saído de Regueira de Pontes chegar a uma cidade gigantesca como Lisboa. Sofri um bocado, de início, com as saudades da família e dos amigos, mas foi o começo de uma vida nova.

Já passaram oito anos, mas lembra-se do que mais sentia falta?

Da comida da mãe, por exemplo, do quentinho do nosso lar, que gostamos muito, e que naqueles dias me fazia muita falta. Tive de crescer depressa. Em Lisboa comecei a limpar a casa, a passar a ferro, a arrumar o quarto, a pôr a roupa a lavar e a secar. A cozinhar fui aprendendo aos poucos, depois de ter cometido muitos erros.

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