Sociedade

Paroquianos apoiam padre dos Milagres em polémica com o Conselho Económico

11 abr 2023 08:00

Na base da polémica que opõe o sacerdote e seis membros do Conselho Económico está o facto de o sacerdote receber um valor superior ao tabelado pela diocese.

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Padre Jacinto Gonçalves está ao serviço da paróquia há 27 anos
Ricardo Graça
Maria Anabela Silva

A polémica que opõe o pároco dos Milagres e seis elementos do Conselho para os Assuntos Económicos (CAE), devido ao salário auferido pelo sacerdote, está a ser encarada com “tristeza” e “revolta” pelos paroquianos.

A maioria das pessoas ouvidas pelo JORNAL DE LEIRIA expressa apoio ao sacerdote, que está nos Milagres há 27 anos. Há também quem considere que “é tempo demais” e defenda que se “esclareçam as dúvidas”.

“O que estão a fazer ao senhor padre é muito feio e injusto”, afirma Maria da Graça, que diz temer que, com esta polémica, a freguesia “fique sem o padre Jacinto [Gonçalves], que tem servido muito bem” a paróquia. Também Marco Oliveira sai em defesa do sacerdote, lamentando que se esteja a “fazer barulho por uma insignificância”.

Na base da polémica, que já chegou ao bispo de Leiria-Fátima, está o facto de o sacerdote receber um valor superior (mais 320 euros) ao tabelado pela diocese. Os seis membros do CAE que levantaram a questão, entretanto alvo de um processo de destituição movido pelo bispo, alegam ainda que a paróquia custeia despesas que, segundo o regulamento diocesano, cabem ao sacerdote.

“Não é justo estarem com este tipo de questões. Fiquei estupefacta, porque o padre tem feito muito pela terra. O que são 300 euros a mais?”, questiona uma paroquiana, que discorda que o assunto tenha sido trazido à praça pública e que diz não perceber a razão por que foi agora levantada a questão.

“Fico triste e revoltado com isto tudo. É injusto para o nosso padre”, confessa Joaquim Pereira. O mesmo sentimento é partilhado por Inácia Jesus, que teme que o sacerdote acabe por ir embora.

“Nunca se viu uma coisa destas”, acrescenta, lembrando que já passaram “muitas” pessoas pelo CAE, que “nunca encontraram nada” que apontar. “Talvez não tenham procurado no sítio certo”, admite outra paroquiana, defendendo que ,“a bem da transparência”, devem ser esclarecidas as dúvidas agora levantadas.

No decreto de dissolução, o bispo D. José Ornelas justifica a decisão por “não haver a necessária confiança e entendimento” para o “bom funcionamento” do CAE.

“Sempre agimos em defesa da boa gestão e administração dos bens da paróquia”, asseguram os membros destituídos, que já requereram a revogação daquele decreto com efeitos suspensivos. Esses elementos mantêm ainda a intenção de fazer uma participação ao Ministério Público.