Economia

Negócios erguidos dos escombros

25 out 2019 00:00

Um ano depois da intempérie que deixou um rasto de destruição em vários sectores, os empresários relatam como tem sido difícil prosseguir com os seus negócios

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Daniela Franco Sousa

A noite de 13 de Outubro de 2018 ainda é uma memória muito presente entre aqueles que há um ano viram os seus negócios ruir à passagem do furacão Leslie. No distrito de Leiria, foram vários os estabelecimentos que perderam telhados, vitrinas, esplanadas e mobiliário. Indústrias, campos agrícolas, lojas, cafés e restaurantes estiveram entre os lesados. E nalguns casos, as perdas foram totais.

Um ano depois da intempérie, o JORNAL DE LEIRIA ouviu empresários, comerciantes e agricultores. Os pilares foram reerguidos, mas ainda vão demorar alguns anos até que os negócios reencontrem a solidez de outrora.

Na Praia da Vieira (Marinha Grande), o bar Nau Frágil foi um dos estabelecimentos mais abalados pelos ventos que sopravam acima dos 120 quilómetros por hora. Do antigo apoio de praia não restou absolutamente nada. Em 16 anos de bar, o proprietário, José Lucas, nunca tinha testemunhado nada do género. “Tive uma perda total. Um prejuízo de cerca de 200 mil euros”, relata o comerciante. José Lucas tinha seguro, mas acabou por receber apenas um pequeno montante, que não chegou para tanta obra. “E depois de pagar tantos anos, não me renovaram a apólice”, aponta o proprietário. Além do investimento que teve de realizar, foi também desesperante o período em que o espaço esteve encerrado.

“Foram dez meses sem rendimentos e sem apoios”, salienta José Lucas, que não sabe quantos anos vão passar até se recompor do sucedido. “Tudo vai depender do tempo”, sublinha o comerciante, recordando que este Verão a meteorologia não favoreceu em nada a afluência à praia.

Quem também se está recompor da passagem do Leslie é Artur Pedrosa, gerente do restaurante Flor do Liz. O furacão danificou o telhado, a marquise do piso superior, vidros e mobiliário, num prejuízo estimado entre 70 e 80 mil euros. Como o seguro pouco ajudou e o empreiteiro recebeu mas não acabou a obra, tem sido com esforço que o restaurante tem feito a intervenção no piso superior, explica Artur Pedrosa. “Gostaria de voltar a abrir a parte de cima antes do Natal”, conta o gerente.

O restaurante esteve fechado durante sete meses e não houve qualquer apoio das entidades públicas. Apenas na limpeza, que decorreu de forma célere, recorda Artur Pedrosa. Também João Ramusga, proprietário do restaurante Lismar, estima prejuízos de 80 mil euros. “Só a reparação do telhado custou 40 mil”, conta o responsável. Além da esplanada, a intempérie fez danos nos quartos da sua residencial. “Tinha seguro, mas só pagou cerca de 40% dos prejuízos”, explica João Ramusga.

No seu caso, o negócio esteve parado durante cinco meses. “Foi um retroceder. Os negócios vão voltar à normalidade, mas não vai ser de um dia para o outro”, salienta o responsável.

A reerguer-se com dificuldade está Silvina Areia, que viu a sua sapataria ser destruída à passagem do furacão. Tinha feito uma encomenda no valor de 6500 euros antes da fatídica noite. O que a areia não estragou e o vento não levou foi furtado por quem se aproveitou das vitrinas partidas, conta a comerciante. Até expositores foram levados. E infelizmente, no ano anterior, para reduzir alguns custos, a comerciante tinha decidido cancelar o seguro da loja. Embora a sapataria tenha sido reconstruida, é com dificuldade e com a compreensão dos fornecedores que o negócio se vai mantendo. Não fosse a insistência da sua família e a sexagenária teria abandonado o comércio.

Em Vieira de Leiria, a fábrica Böllinghaus Stell registou danos diversos, principalmente no exterior dos edifícios (telhados, portões) e muros, relata Bruno Pedro, que identifica mais de 90 pontos afectados, que não causaram impedimento à laboração. O prejuízo ultrapassou os 100 mil euros, contabiliza o responsável pela unidade. “De imediato foram tomadas as medidas necessárias para impedir a entrada de chuva nos edifícios. A resolução definitiva de todos os danos está agora a ocorrer”, explica Bruno Pedro.

Neste caso, nota,o seguro foi activado tendo correspondido dentro dos termos contratados. Ainda na Marinha Grande, na Escoura, também a indústria foi afectada pelo Leslie. Dedicada à produção de cordas, a Tecfil viu ceder uma parede com mais de 70 metros. Paulo Valinha, responsável pela empresa, explica que entre o muro que cedeu e o material que se estragou com a chuva naquela área de armazém, o prejuízo alcançou 200 m

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