Economia

Negócio dos casamentos vale 900 milhões de euros

30 mai 2019 00:00

Envolve 40 sub-sectores de actividade e factura milhões de euros. O negócio dos casamentos pesa à volta de 0,5% do PIB e é gerador de milhares de empregos directos e indirectos

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Raquel de Sousa Silva

Em média, um casamento custa actualmente 26.150 euros. Isto para uma festa com 100 convidados e os 12 serviços/produtos “básicos e essenciais”, nomeadamente, vestido de noiva e fato de noivo, boda, fotografia e vídeo, lua-de-mel, flores, aluguer de carro, convites, brindes, animação, alianças e bolo de noiva.

Os números são de um estudo da Exponoivos e permitem perceber que, considerando os 34.637 casamentos realizados no ano passado, estamos a falar de um negócio que vale pelo menos 900 milhões de euros.

O Estudo económico e social da indústria do casamento em Portugal nos últimos 20 anos (realizado junto dos principais operadores de mercado e de uma amostra de noivos) revela, por exemplo, que em 1994 o custo médio de um casamento eram 15 mil euros, subindo para 20 mil em 2004. Depois, a crise veio travar a evolução dos preços.

Mesmo assim, a subida de 74% no custo médio de um casamento face a 1994 “deve-se naturalmente à evolução de um mercado cada vez mais consolidado e exigente na diferença e na qualidade, que motivou um acréscimo de consumo, acompanhado pelo maior poder de compra dos noivos”, cada vez “mais exigentes”, lê-se no estudo.

Naquele ano, o volume de negócios gerado (990 milhões de euros) era superior ao actual, embora o preço médio por casamento fosse menor. Isto porque na altura o número de casamentos era muito maior (66 mil, segundo dados da Pordata). Em 2004 o volume de negócios rondava os 983 milhões de euros. Depois caiu para 605 milhões, em 2014.

“Na realidade, o volume de negócios gerado por esta indústria tem vindo a decrescer cerca de 38% em cada década, em contra-ciclo com o valor económico de cada casamento, que tem vindo a aumentar”, lê-se no estudo. Para aquela descida contribui a “redução sistemática do número de casamentos celebrados na última década, em mais de 40%”.

“De qualquer modo, e do ponto de vista macro-económico, é de considerar a relevância do volume de negócio gerado pelo casamento em Portugal, que contribui quase com 0,5% do PIB, sendo gerador de milhares de empresas directas e indirectas nos mais de 40 sub-sectores de actividade envolvidos”.

São da região de Leiria muitas dessas empresas. A Iguarias do Tempo é uma delas. Está há 18 anos no mercado e explora actualmente duas quintas (Silveiras e Santo António do Freixo). Joana Conde explica que ao longo destes anos se nota uma tendência de descida do número de convidados em cada casamento.

A média do ano passado foi de 150. Depois dos impactos da crise dos últimos anos, a actividade recuperou e sente-se agora alguma tranquilidade e confiança por parte dos noivos, que os leva a agendar a boda com mais tempo de antecedência.

A responsável pela Iguarias do Tempo adianta que os clientes “exigem o máximo pelo menor custo” e diz que não tem havido subidas de preços. No ano passado foi feita “uma ligeira actualização”, mas “há dez anos os preços eram pouco mais altos do que são agora”.

A empresa de Leiria aposta na prestação de um serviço “muito completo”, em que para cada casamento há um wedding planner, sem que os noivos tenham de pagar mais por isso. “É a gestão integrada em que apostamos que constitui uma mais-valia e faz a diferença”.

Também Nelson Bastos, administrador do Grupo Quinta dos Lagos, frisa que os preços dos serviços de casamentos pouco têm subido. “Terão aumentado cinco euros por convidado nos últimos cinco anos, porque a concorrência é muita”. Contudo, o empresário diz acreditar que o mercado “chega para todos”, desde que se aposte na qualidade, já que os clientes “são cada vez mais exigentes”.

O empresário de Leiria refere igualmente que o número médio de convidados por casamento tem descido nos últimos anos, situando-se na casa dos 200 actualmente. O preço médio por convidado ronda os 87,5 euros (incluiu o aluguer do espaço, comida, bebida, bolo de noiva, decoração, fogo de artifício e insuflável para crianças).

Nelson Bastos diz ainda que já não se verifica uma sazonalidade tão grande. Se há uns anos as festas se concentravam sobretudo nos meses de Verão, agora há casamentos de Abril a meados de Novembro.

Nas cinco quintas do grupo tem aumentado o número de casamentos, situação que o administrador atribui ao facto de realizar investimentos constantes com vista à sua melhoria e qualificação. Em projecto está já, aliás, a construção de uma nova Quinta dos Lagos, na Azoia.

No concelho de Ourém, a Quinta de S. Gens realiza festas de casamento desde 2005 e de então para cá o número de serviços tem crescido, resultado que Susana Pinheiro atribui ao facto de o espaço ser cada vez mais conhecido, por um lado, e de ter características únicas (vertente histórica, vinhas e sobreiros centenários), por outro.

Quanto ao preço por convidado, a sócia-gerente frisa que “é melhor” agora do que há uns anos, porque como tem mais trabalho conseguiu descer um pouco os valores. “Os nossos preços são muito acessíveis, tendo em conta a relação qualidade/preço”. Situam-se actualmente nos 79 euros por convidado, mas no próximo ano subirão “um pouco”.

Também Sérgio da Ponte, proprietário da Quinta da Concha, no concelho de Pombal, que acolhe festas de casamento desde 2010, frisa que os preços são actualmente apenas 20% superiores aos praticados nessa altura. Quanto ao número destes eventos, admite que tem vindo a crescer e que este já é cerca de 8% superior ao de 2018.

Há mais de 30 anos que a Noivas D. Dinis existe em Leiria e a gerente, Lurdes Domingues, afirma que, embora haja excepções, a tendência é as noivas procurarem gastar menos, adquirindo vestidos mais simples.

Um vestido pode custar entre 600 e 3000 mil euros, mas no outro espaço da empresária (My Dress) há oferta entre 200 e 750 euros. “Hoje uma noiva prefere uma boa viagem [de lua-de-mel] do que um vestido caro”.

Outra das áreas imprescindíveis num casamento é a fotografia. Zito Camacho refere que, passada a crise, se notou um aumento do trabalho e uma maior disponibilidade dos noivos para despesas nesta

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