Desporto

Meninas à porrada e sem puxar cabelos

16 mar 2017 00:00

Fomos saber o que motiva duas raparigas da Marinha Grande a combater, ainda por cima sem qualquer protecção no corpo

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Todos os dias, faça chuva ou faça sol, elas estão lá, no ginásio Dinamite Warriors Factory Team, na Marinha Grande, para mais um treino. São conhecidas como Sarinha e a Carlota, mas nem sequer ouse pensar que estamos a falar de duas meninas do fitness, do zumba, nem sequer do crossfit. Esqueçam os puxões de cabelos e os gritos. Aqui, é literalmente a doer. Elas são praticantes de muay thai, onde punhos, cotovelos, pés, canelas, joelhos e a luta corpo a corpo são armas legais para derrotar a adversária.

O leitor tem permissão para imaginar. Pode 'chover' de todos os lados, quando elas estão no ringue. Entre pontapés, socos, cotoveladas, joelhadas, caneladas, muitos fogem do muay thai por considerarem demasiado agressivo. Não é o caso de Sara Saraiva e de Carla Lourenço. Estão de tal forma apaixonadas pelo desporto nacional da Tailândia que são as duas únicas miúdas na região Centro que combatem na categoria profissional.

O dinheiro que ganham, que por agora ronda os 250 euros por combate, pode não ser suficiente para viver, mas não é esse pormenor que as impede de lutar sem qualquer tipo de protecção no corpo. E ganhar a vida a combater é, mesmo, um objectivo que ambas querem cumprir num curto período de tempo.

Sarinha não tem mais de 18 anos. Foi a falta de auto-estima que a fez aderir à modalidade, já lá vão quatro anos, a conselho da psicóloga. “Quando comecei chorava atrás dos sacos, tinha ataques de pânico, não gostava de levar porrada. Agora já me habituei, não me importo, porque sei que com isto vou crescer. É uma sensação fantástica, ganhar alimenta a minha felicidade.”

De início, também os pais não acharam grande piada, mas actualmente já todos na família a apoiam. “Do que é que eles não gostavam? De me ver levar porrada. Tinham medo que ficasse lesionada, mas agora aceitam, porque entendem que é isto que quero.”

E percebem também que a menina se sente mais segura de si. “Fico feliz depois dos treinos, parece que fico mais completa, com mais confiança. Se não treinar fico mais deprimida, não me sinto tão bem. E claro que uma família gosta sempre de ver o filho feliz”, prossegue a lutadora, que volta à acção já no próximo fim-de-semana. “A minha mãe consegue ver-me a lutar, mas o meu pai não. É o mais nervoso com isto tudo. Teme pela minha saúde”, explica.  

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