Economia

Mais de 80% das empresas pagam fora dos prazos acordados

23 nov 2017 00:00

Em Outubro, apenas 15,9% das empresas cumpriram os prazos de pagamento acordados. No distrito, essa percentagem atingiu os 16,2%. Os impactos sentem-se a vários níveis.

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Raquel de Sousa Silva

Em Portugal, durante o ano passado, a percentagem de empresas que cumpriram os prazos de pagamento acordados foi de 19,5%, “muito aquém” da média europeia, que é de 39,1%. Os dados relativos a Junho deste ano revelam que caiu para 17,7% a percentagem de empresas que pagaram dentro dos prazos estabelecidos, ou seja, menos de um quinto das empresas.

Os dados constam do estudo Como pagam as empresas, da Informa D&B, que analisou a evolução dos comportamentos de pagamento do tecido empresarial entre 2007 e 2016, e segundo o qual se “verifica que a percentagem de empresas cumpridoras sofreu uma evolução desfavorável neste período em Portugal, enquanto a maioria dos países estudados melhorou a sua prestação”.

A título de exemplo, refira-se que em 2015 a percentagem das que cumpriam os prazos era de 20,1%, uma subida de 2,7 pontos percentuais face ao ano anterior. No período analisado, a percentagem mais alta foi registada em 2009: 25,3% das empresas cumpriram os prazos acordados.

“O cumprimento dos prazos de pagamento é uma fonte de crescimento económico, ao contribuir para melhorar a liquidez das empresas, ajudando-as a respeitar os seus compromissos financeiros e a criar confiança entre os agentes económicos”, aponta o estudo. “Pelo contrário, o seu incumprimento provoca entropia nas relações comerciais, pondo em causa a rentabilidade e sobrevivência das empresas, criando assim entraves ao saudável desenvolvimento económico”.

“Sendo certo que estas percentagens são a nível nacional, e partindo do princípio que o distrito de Leiria segue esta tendência, estes valores deixam-nos obviamente preocupados enquanto associação que representa o tecido empresarial de Leiria”, afirma Jorge Santos. O presidente da Nerlei acrescenta que a este fenómeno não será estranha a fraca capitalização e a estrutura financeira debilitada de algumas empresas.

“Penso que é mais uma evidência da necessidade de o governo verter no OE de 2018 todas as medidas do programa Capitalizar e que o Estado e as empresas públicas paguem nos prazos acordados. A boa noticia é que dados recentes do Banco de Portugal dizem que a autonomia financeira das empresas portuguesas aumentou no ano passado”.

Referindo que haverá “certamente casos de melhoria e outros de atraso”, e mostrando-se convicto que “todas as empresas se esforçam, ao máximo, por cumprir os prazos”, Jorge Santos frisa que os atrasos “desregulam a relação empresarial e aumentam a incerteza nas empresas, gerando aumento das necessidades de fundo de maneio e obrigando a alocação de recursos humanos para a área das cobranças, desviando esses recursos daquilo que é o foco da empresa: produzir, vender e ou prestar serviços”.

“Os atrasos nos pagamentos são sem dúvida uma triste e persistente realidade, sobretudo por parte do Estado, que faz com que o que só excepcionalmente se aceitaria passe a ser um hábito e prejudique a economia real, que para funcionar em pleno precisa de poder confiar”, aponta por sua vez Ana Maria

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