Sociedade

Leiria quer recreios das escolas mais amigos da brincadeira

28 dez 2018 00:00

Para estimular a brincadeira e combater as dificuldades ao nível da expressão físico- -motora, os recreios estão a ser reforçados com mais equipamentos e material desportivo.

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Maria Anabela Silva

O problema não é novo nem exclusivo de Leiria, mas os resultados do último relatório Estado da Educação 2017, elaborado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), fizeram soaram alguns alarmes.
Se na Matemática e nas Ciências os alunos da região se destacaram pela positiva, ao alcançaram, entre os estudantes do 4.º ano, a melhor classificação nacional no TIMMS – Trends in Internacional Mathematics and Science Study de 2015, o mesmo não aconteceu ao nível da expressão físico-motora, onde os alunos do concelho revelaram problemas.
O assunto foi discutido no último Conselho Municipal de Educação de Leiria, realizado na semana passada, onde se defendeu a necessidade de ter recreios mais amigos da brincadeira e de reforçar a formação das assistentes operacionais, enquanto elementos-chave na dinamização dos espaços de recreio.
“Há, de facto, entre as nossas crianças problemas de expressão físico-motora. Foi nesta área que o relatório do CNE apontou piores resultados. Isto merece reflexão”, defendeu a vereadora da Educação, durante a última reunião de executivo.
Anabela Graça respondia a uma interpelação do vereador do PSD, Fernando Costa, que chamava a atenção para o facto de, no recreio da recém-inaugurada escola do 1.º ciclo de Bidoeira de Cima já terem ocorrido três acidentes, dos quais resultaram tratamento médico nas crianças, o que, segundo o autarca, pode estar relacionado com tipo de piso.
Em resposta, a vereadora explica que o material usado é igual ao que existe nas outras escolas, alegando que o problema “é mais profundo”. “O que nos preocupa não é o piso, mas sim que as nossas crianças saibam brincar nos recreio. Como brincam menos, tem menor apetência para o fazer”, diz Anabela Graça, assegurando que o município “está atento” e a tomar medidas.
Uma delas passa pelo apetrechamento das escolas do 1.º ciclo com mais “material desportivo, como bolas, arco e patins”, e o reforço dos equipamentos de recreio, criando “mais situações de brincadeira e de desporto”.
A autarquia pretende também reforçar a formação das assistentes operacionais, com iniciativas semelhantes àquela que decorreu na semana passada – Fórum Melhorar a Escola – que juntou cerca de 140 profissionais e que, entre outras temáticas, abordou “boas práticas de supervisão e dinamização dos espaços de recreio”.

 

Francisco Lontro

Importância de formar a comunidade

Francisco Lontro, coordenador do programa Brincar de Rua, considera “positivas” as medidas que estão a ser tomadas pelo Município de Leiria. Frisa, contudo, que“não basta instalar equipamentos”, defendendo que, mais importante do que isso, é apostar na “formação da comunidade escolar”, para que “esta se sintonize com a ideia de que as crianças precisam de ser desafiadas a brincar livremente”. “Ao contrário do que hoje é vulgar dizer, as crianças continuam a ter apetência para actividades físico-motoras. Os adultos é que estão a mexer os cordelinhos, ao higienizar ao máximo a vida dos miúdos, e com um papel cada vez mais condicionador” das brincadeiras.