Viver

“Julgamos que somos a cauda da Europa, quando se calhar somos a cabeça”

5 nov 2017 00:00

Lord Mantraste, o alter-ego do ilustrador Bruno Reis Santos.

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Daniela Franco Sousa

Lord Mantraste. De que forma surgiu este alter-ego?
Quando estava ESAD.CR fazia parte de uma revista, onde se escrevia acerca do que se achava menos bem, quase como uma revista cor-de-rosa da cidade. Um colega meu escolheu este alter-ego para mim e eu comecei a utilizá-lo mais tarde.

Diz-se que Lord Mantraste é a própria encarnação do diabo. Ao mesmo tempo, diz-se que ele quer ser a Nossa Senhora da Ilustração. O seu processo criativo é atormentado por esta dicotomia entre bem e mal?
O próprio trabalho é o reflexo disso. Estamos sempre a tentar seguir o caminho que é o mais certo, encontrando um meio termo entre aquilo que é o nosso gosto pessoal e o gosto do cliente. Há que encontrar ali um meio termo.

É fácil conciliar liberdade criativa com a necessidade de vender?
Graças a Deus não sou muito apegado ao dinheiro... Por isso é que o gasto todo... Mas a propósito deste tema lembro-me sempre de uma história da mitologia grega, do labirinto. Pediram a um artista para fazer um labirinto. Como o labirinto não cumpriu o objectivo, ordenaram que o artista fosse preso na sua própria criação. Bem, mas o que considero é que não posso estar a condicionar o meu trabalho a pensar nisso, na venda, no cliente.

É filho de um pastor e de uma cabeleireira, criado livre em Nadadouro, perto de Caldas da Rainha. Quanto desta infância é visível no seu traço?
A nossa infância define o que somos. Embora eu não desenhasse muito na minha infância. Não era coisa que me chamasse a atenção. Mas dá para perceber no meu trabalho, e porque sou das Caldas, uma certa marotice. Ser maroto, sem ser maldoso. É uma coisa que me sai de forma natural.

Arranha-Céus foi considerada a melhor capa de ilustração e design 2015, pela Sábado, e A Imaculada Sardinha Portuguesa ganhou o concurso das Sardinhas para as Festas de Lisboa, em 2011. Que importância têm os prémios no percurso de um artista?
Vencer o concurso das Sardinhas, por exemplo, serviu para dar a conhecer o meu trabalho, ao mesmo tempo que serviu para eu passar a olhar paraele de outra maneira. Incentivou-me a trabalhar, a pensar mais no meu trabalho. Sempre que faço uma ilustração é para agradar a mim próprio. E às vezes se vendo um trabalho que agrada muito ao cliente, mas que eu não gosto tanto, sinto um pouco como aquele pai que vê o filho a ir para a droga.

Quais são as suas grandes referências da ilustraçã

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