Desporto

João Vieira: “Custou-me bastante prejudicar o clube do meu coração”

1 jul 2019 00:00

O jogador trocou a União de Leiria pelo Vilafranquense a meio da época e garantiu a subida à 2.ª Liga. No entanto, assume que a UDL é o seu clube do coração

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O Vilafranquense garantiu a subida à 2.ª Liga. A troca a meio da época valeu a pena?
Agora é fácil falar, porque o destino quis que o Vilafranquense subisse. Tinha outras propostas e decidi pelo Vilafranquense, porque desde o primeiro minuto que me queriam muito. Era um clube que também tinha dificuldades, mas era uma família e um grupo muito coeso. Foi o que fez a diferença para subir de divisão.

A saída de Leiria teve a ver com salários em atraso, mas foi encontrar o mesmo problema em Vila Franca...
É triste e pouco digno para o futebol duas equipas que foram à meia-final do play off sofrerem de salários em atraso. Afecta-nos a nós, assim como às nossas famílias. Veja-se os jogadores que têm filhos, que dependem do seu salário para sustentar a família. É muito triste. Quando fui para o Vilafranquense prometeram-me mundos e fundos e também fui um boc ado enganado. Fui ingénuo. Naquele momento queria dar um novo r umo à minha vida e ac reditei em certas pessoas que depois me falharam com os compromissos. Tivemos quase três meses sem receber. Mas isso tornou- -nos mais fortes e mais solidários. Se alguém chorava no balneário, eu chorava pela tristeza dele. Essa união permitiu "destruir" qualquer equipa.

Em Leiria, a equipa também não deixou de ganhar.
A qualidade individual é muito grande. A vinda do novo treinador, ajudou bastante. Senti que o treinador Filipe teve um grande cunho nesta União, o que fez com que fossem ao play off e estivessem sem perder. Infelizmente, voltaram a não perder no play off e não conseguiram a subida. Mas é muito difícil gerir as dificuldades financeiras, porque os jogadores deixam de ter dinheiro para coisas mesmo básicas, como pagar a conta da luz ou da água. Como sou de Leiria, a minha família ajudava-me se precisasse, mas jogadores que vieram do Brasil ou do continente africano, estão aqui sozinhos. As pessoas pensam que os salários são muito grandes e não são. As suas condições eram precárias. Tentei ajudar no que eu podia, mas havia situações muito delicadas.

Como foi marcar um golo e ajudar a eliminar a equipa que contribuiu para a sua formação?
Não consegui festejar. Tive noção que foi um momento de inspiraç ão. Se tentar aquele lance mais cem mil vezes talvez não consiga. O destino quis que fosse contra o Leiria. É um misto de emoções, porque enquanto profissional queria que o Vilafranquense passasse, mas custou-me bastante prejudicar o clube do meu coração. Sei que as pessoas lutaram desde o primeiro dia de treino, onde estive inserido, até ao último para o objectivo e não conseguiram. E, no fundo, o meu golo foi muito decisivo, porque balançou a eliminatória um bocado para o nosso lado.

Como foi a reacção dos antigos colegas?
Tenho amigos para a vida na União. Quando eliminámos o Vizela e eles [UDL] o Lourosa fizemos um "pacto" de não falar sobre futebol nessas duas semanas. Quando eliminámos a União eles começ ram a brincar comigo: ‘o que é que foste fazer, nem rematas de fora da área e foste rematar quase de meio-campo’.

Subiram à 2.ª Liga as duas equipas que ficaram em segundo lugar na prova regular. Concorda com a organização do Campeonato Nacional de Seniores (CNS)?
É um modelo da Idade Média e não premeia a regularidade. Depois o play off tem umas características muito específic as

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