Economia

Investimento e inovação pautam José Aldeia Lagoa & Filhos ao longo de quatro décadas

31 dez 2023 13:00

Hugo Lagoa, director financeiro desta empresa do concelho de Pombal, fala sobre as conquistas e sobre os desafios que se impõem no contexto económico actual

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No ano passado, a empresa exportou 56% da sua produção
DR
Daniela Franco Sousa

Grande know how sobre o sector, compromisso assumido com os clientes, mantendo uma gestão atenta, com forte adaptabilidade ao mercado e constante dinamismo. São estas as premissas que têm permitido à José Aldeia Lagoa & Filhos singrar ao longo de quase quatro décadas, considera Hugo Lagoa, director financeiro desta empresa do concelho de Pombal.

Fundada em 1984, a José Aldeia Lagoa & Filhos tem como actividades principais a extracção e a preparação de matérias- primas destinadas aos ramos da construção civil e obras públicas e também da indústria cerâmica (entre as quais as areias, os caulinos, as argilas, os feldspatos, também calcites e britas). As argilas e os caulinos são extraídas no eixo Juncal- Pombal, enquanto o feldspato é retirado desde a zona de Mangualde até Ribeira de Pena, especifica o director financeiro da empresa.

Com uma equipa de 94 colaboradores, a José Aldeia Lagoa & Filhos registou no ano passado uma taxa de exportação na ordem dos 56%, tendo Espanha e Itália como os seus principais mercados internacionais. Em 2022, a empresa alcançou um volume de negócios de aproximadamente 18,7 milhões de euros, sendo que, em 2023, espera conseguir manter ou até aumentar os valores alcançados no ano transacto.

“No ano passado havia um ajuste de preços, devido ao aumento da factura do gás e da electricidade, e alguns desses sobrecustos tiveram de passar para o cliente, o que de certa forma empolou um pouco a facturação”, realça o responsável. Já este ano, compara Hugo Lagoa, “esses preços estabilizaram um pouco, pelo que estamos à espera de um 2023 idêntico ou até melhor do que no ano passado”, justifica o director financeiro da José Aldeia Lagoa & Filhos.

No entanto, ressalva o empresário, essa subida dependerá da resposta do mercado. “O sector está a travar. A cerâmica está a reduzir o seu consumo. O contexto económico mundial não está muito bem. Além de que não nos podemos esquecer do impacto das altas taxas de juros. São taxas que podem dissuadir a compra da habitação e penalizar a área da construção”, observa Hugo Lagoa.

Quanto à evolução positiva que a empresa tem registado, em termos de volume de negócios, também se atribui ao investimento realizado, ao longo de vários anos, para transformar o seu core business.

“Desde 2019, focámo-nos mais nos mercados de maior valor acrescentado, e os resultados sentiram-se nos anos seguintes”, repara o director financeiro. Presentemente, a José Aldeia Lagoa & Filhos tem dois projectos de investimento aprovados no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, com o objectivo da descarbonização da indústria.

Em concreto, especifica Hugo Lagoa, estes dois projectos pretendem alterar o tipo de energia utilizada na secagem dos produtos, onde a empresa usa gás natural, de modo a avançar com a utilização de biomassa. Os projectos de investimento contemplam ainda a implementação de painéis fotovoltaicos e a adopção de novas metodologias de trabalho e a sensibilização dos colaboradores para as melhores práticas no contexto da energia. Um dos projectos tem o valor de 3,6 milhões de euros e outro está orçado em 670 mil euros, refere o director financeiro.

“Atendendo ao que são os constrangimentos actualmente vividos na cadeia de fornecimento de equipamentos”, Hugo Lagoa tem a expectativa de que ambos os projectos possam estar concluídos entre o final de 2024 e o início de 2025. A José Aldeia Lagoa & Filhos tem ainda um projecto candidatado a apoio financeiro, para inovação produtiva, que irá implicar a contratação de mais recursos humanos qualificados.

É um projecto de investimento de cerca de 3 milhões de euros, que, independentemente do resultado da candidatura, já está a avançar. “A nossa estratégia de diversificação da carteira de clientes e de produtos de maior valor acrescentado impunha este investimento, que nos possibilitará desenvolver três ou quatro novos produtos, que nos permitirão atingir esses objectivos”, contextualiza o responsável.

Sem descurar o mercado nacional, a intenção da empresa é continuar a crescer no mercado externo, mantendo a sua aposta em Espanha e Itália, explorando ainda os territórios no Norte de África. Quanto aos grandes desafios que se avizinham, Hugo Lagoa salienta que “o maior de todos é a instabilidade económica que se faz sentir e que pode atrasar o crescimento da empresa, podendo levar à necessidade de fazer alguns ajustes.

O maior desafio é poder haver alguma retracção na produção industrial”, sublinha o responsável. Todavia, confia o director financeiro da José Aldeia Lagoa & Filhos, “podemos não sentir esse impacto ao diversificar os mercados e ao criar maior valor acrescentado nos nossos produtos”.