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ICNF diz que SAMP não pediu autorização para usar "Lugar das Árvores"

7 jan 2016 00:00

Estabelecimento de ensino artístico assegura que pedidos seguiram por escrito mas respostas dos serviços florestais foram sempre verbais

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Jacinto Silva Duro

“Até ao momento, a SAMP não formalizou qualquer pedido para a realização do festival nos terrenos da Mata Nacional de Leiria ou em qualquer outra localização” e “consequentemente, não foi tomada qualquer decisão ou deliberação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre a localização ou realização do referido Festival”.

Estes esclarecimentos constam de um comunicado emitido pelo ICNF e disponibilizado no site do organismo, acerca da proibição da utilização do “Lugar das Árvores”, em São Pedro de Moel, Marinha Grande.

Recorde-se que a Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP), de Leiria, justifica o cancelamento da realização do VIII Pinhal das Artes, festival de artes para a primeira infância com a proibição agora negada pelo ICNF.

Confrontado com estas declarações, o director artístico do festival, Paulo Lameiro, esclarece que, numa reunião prévia de preparação da VIII edição do Pinhal das Artes, em Novembro, entre a presidente da Direcção da SAMP, Filipa Alves, e Rita Gomes, da Unidade de Gestão Florestal do Centro Litoral (Marinha Grande), esta responsável transmitiu verbalmente que “não é possível voltar a fazer o Pinhal das Artes no Lugar das Árvores”, devido a riscos de incêndio, de segurança e danos provocados pelo público e carrinhos de bebés na flora e fauna.

Depois desta reunião preparatória e acertados os detalhes, tal como acontecia desde 2007, a SAMP esperava apresentar o pedido de utilização do Lugar das Árvores. Mas, esclarece Paulo Lameiro, Rita Gomes recusou liminarmente a cedência do espaço.

“E acrescentou que não só 'não é possível', como, caso encontrássemos outro local na Mata Nacional, teríamos de pagar”, recorda Paulo Lameiro. Perante esta posição da responsável pela gestão da área onde se integra o Pinhal do Rei/Pinhal de Leiria, a SAMP resolveu recorrer à instância superior, coordenada por Rui Rosmaninho (departamento regional das Florestas do Centro).

Em Dezembro, receberam um telefonema deste responsável. “Mais uma vez, houve uma comunicação apenas verbal”, sublinha Lameiro. No decurso deste contacto, Rosmaninho reafirmou o que já havia sido transmitido por Rita Gomes.

“Disse-nos: 'não vale a pena marcar uma reunião comigo, porque a engenheira Rita já vos avisou que não podem realizar o festival no Lugar das Árvores. Se encontrarem outro local, terão de pagar'”, recorda o responsável da SAMP que adianta que a instituição de ensino artístico de Leiria não tem “condições de mudar o lugar” porque o evento e a programação “estão intimamente ligados ao local”.

A única esperança da SAMP prende-se com a realização de uma audiência, solicitada ao secretário de Estado das Florestas, Amândio Torres. Caso consigam convencer este responsável da validade do seu pedido, o VIII Pinhal das Artes terá ainda hipóteses de se realizar em 2016, no espaço que acolhe o evento desde 2007.

Uma resposta negativa, contudo, será, provavelmente, a sentença de morte daquele que é um dos mais conceituados festivais de artes para a primeira infância na Península Ibérica e Europa.

“Os nossos pedidos seguiram sempre por escrito, contudo, as respostas dos serviços foram sempre verbais”, sublinha Paulo Lameiro.