Abertura

Há um ano, Maksym e Evgeniy viajaram 3.300 quilómetros para salvar as famílias do conflito na Ucrânia

24 fev 2023 09:00

Muitos refugiados da Ucrânia em Leiria debatem-se com o custo de vida e a escassez de habitação. Alguns continuam a sofrer à distância, com familiares ainda no país de origem

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Maksym com o agregado familiar e Evgeniy com a mulher e a filha, que foi buscar à Ucrânia na mesma viagem em que Maksym trouxe a mãe, a cunhada e a sobrinha bebé
Ricardo Graça

Numa esplanada em Monte Redondo, pela manhã, o sol soa a liberdade. Maksym, que já fala a língua do país de acolhimento, brinca com o amigo, diz que Evgeniy “não quer aprender português”. E ri-se: “é preguiça”.

Há um ano, com a agressão da Ucrânia pela Rússia a desencadear os primeiros combates e bombardeamentos, os dois viajaram de carro durante 3.300 quilómetros para salvar as famílias da guerra e colocá-las em lugar seguro.

Depois de atravessarem Portugal, Espanha, França, Itália, Eslovénia e Hungria, entre lágrimas reencontraram-se com os familiares na fronteira com a Ucrânia, do lado de cá, em solo húngaro, na vila de Tiszabecs.

Evgeniy trouxe a filha (à data, com apenas dois anos de idade) e a mulher; Maksym resgatou a mãe, a sobrinha (ainda bebé) e a cunhada.

Ao todo, a primeira missão de resgate coordenada pelo município deslocou para Leiria um grupo de 21 ucranianos, que agora procuram refazer as coordenadas de uma existência abruptamente condicionada pelo perigo.

“Queremos ficar. A nossa zona da Ucrânia está muito destruída. Não tem vida”. Maksym, que já estava em Portugal, a trabalhar, quando a ofensiva russa começou a 24 de Fevereiro, conta que o pai permaneceu sozinho, semanas a fio, na região do Donbass. “Ele ficou em casa, durante cinco meses, num quarto debaixo da terra. Não podia sair para a rua. De um lado, russos, do outro lado, ucranianos. E a aldeia fica dentro”.

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