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Festival A Porta muda-se para os Capuchos e ocupa Convento com artes e concertos

8 abr 2024 08:45

Em 2024, A Porta deixa o centro histórico de Leiria para se instalar nas ruínas do Convento dos Capuchos, espaço com mais de 300 anos, onde vão acontecer (quase) todas as actividades do Festival

O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
Ricardo Graça
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
Ricardo Graça
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
Ricardo Graça
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
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Ricardo Graça
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Ricardo Graça
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Ricardo Graça
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
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Ricardo Graça
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
O imóvel, com zonas que remontam ao século XVII, está há décadas desocupado
Ricardo Graça

Era impossível ignorar a coincidência. Miguel Ferraz explica que a primeira pedra do Convento de Santo António dos Capuchos terá sido colocada num 8 de Abril em meados do século XVII, e, durante a procissão, os devotos alegadamente testemunharam um eclipse total do Sol, que esta segunda-feira, 8 de Abril de 2024, volta a ocorrer, embora só parcial, visto a partir de Portugal.

Hoje é então o dia em que a organização anuncia a nova casa do Festival A Porta: as ruínas do Convento dos Capuchos.

“É uma oportunidade única de fazer algo que nunca foi feito”, diz Miguel Ferraz, director do Festival A Porta, que em 2024 deixa o centro histórico de Leiria, onde começou em 2014.

Para o Convento dos Capuchos, existe um projecto privado, por concessão do Estado a 50 anos, que prevê a transformação em hotel de charme, ao abrigo do programa Revive, com início da exploração da concessão agendado para Janeiro de 2025.

O imóvel encontra-se classificado como de interesse público desde 1982 e está há décadas desocupado.

Ouça aqui neste link a conversa de Miguel Ferraz com o JORNAL DE LEIRIA sobre a edição de 2024 do Festival A Porta no Convento dos Capuchos

Mobilizar quem habita ou frequenta os Capuchos é uma das prioridades do Festival A Porta, que reuniu com moradores e comerciantes e distribui cartas nas caixas de correio do Bairro. “Temos uma residência artística planeada para envolver não só a comunidade do Bairro dos Capuchos como também outras comunidades que se pretendam juntar na criação de um espectáculo, único, e que vai beber um bocadinho desta história, da história de cada uma dessas pessoas que participar e das suas vontades e desejos”, assinala Miguel Ferraz, como exemplo do conjunto de acções que estão a ser preparadas.

Entre 9 e 16 de Junho, a nona edição do Festival A Porta, com concertos, workshops, instalações, actividades criativas infanto-juvenis e para famílias, exposições, residências artísticas e feiras de autor, vai revelar-se – (quase) por inteiro (e maioritariamente ao ar livre) – no contexto do Convento dos Capuchos, com excepção, para já, dos jantares temáticos e das experiências Transporta-te, que são actividades pagas e sujeitas a inscrição.

“A principal missão do Festival A Porta é, de facto, abrir portas de locais abandonados, devolutos, e trazê-los para a esfera da comunicação e para a comunidade”, comenta Miguel Ferraz.

Em anos anteriores, foi o caso da Villa Portela, das antigas instalações da EDP na Rua de Tomar e da pousada de juventude de Leiria no Terreiro, entre outros.

Com a mudança para os Capuchos, em 2024, existe a preocupação de minimizar o impacto ao nível de ruído e interferências no quotidiano da população residente. “Um ajustamento à realidade”, para que “tudo possa coabitar”, sem prejuízos.

“Não abandonámos o centro histórico, de todo, aliás, nós continuamos numa relação com essas pessoas, o objectivo é também que essas pessoas do centro histórico, restauração e lojistas, possam ter acesso aqui e que possam fazer a sua actividade aqui durante esses dias”, salienta.

Miguel Ferraz espera, ainda, que a programação do Festival possa contribuir positivamente para o futuro daquela colina da cidade. “Há certas zonas deste Convento, depois de reabilitado, que têm de ser de acesso público, portanto, não só para os hóspedes, como também existe uma obrigação, por parte da entidade, de ter uma espécie de centro interpretativo”, aponta. “A Porta pode ter aqui um papel importante na congregação de vontades e desejos das pessoas que aqui habitam e outras que não habitam aqui mas que possam trazer coisas interessantes para a mesa”.

Em 2019, na assinatura do contrato de concessão para 50 anos, com uma renda anual de 40 mil euros, o Governo anunciou que um grupo de empresários iria investir 4,5 milhões de euros na transformação do Convento dos Capuchos num hotel de quatro estrelas, com 50 quartos.

Entretanto, de acordo com o Ministério da Economia, citado pela agência Lusa, o prazo para início da exploração da concessão foi prorrogado para Janeiro de 2025.

Rute Xavier Guerreiro, especialista em conservação e restauro, que publicou em 2015 o livro O Convento de Santo António dos Capuchos de Leiria – Contributos para a sua História, adianta que o Convento que dá o nome ao Bairro começou a ser construído a 8 de Abril de 1652 e a utilização pela ordem religiosa teve início a 29 de Abril de 1657.

Foi hospital militar desde a segunda metade do século XIX até 1951, depois arrecadação regimental e até aviário na década de 1970. Pertenceu ao clero, ao Estado, à Câmara Municipal de Leiria e novamente ao Estado.

Em 2023, segundo a organização, o Festival A Porta terá atraído 15 mil pessoas, incluindo 2 mil crianças.