Sociedade

Escola, noitadas e namoros: há quem diga que é saudável

25 nov 2016 00:00

Especialistas defendem uma articulação com conta, peso e medida

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As saídas nocturnas são cada vez mais uma realidade na adolescência, período em que os jovens também despertam para os amores e a sexualidade. Este é também um momento de preparar o seu futuro, com a preocupação de obter médias para a universidade. Será que escola, noitadas e namoros são uma mistura explosiva? Os especialistas dizem que não. É possível conciliar tudo, desde que com conta, peso e medida.

Cândida Carvalho é mãe de duas raparigas e não tem dúvidas que o namoro pode ser benéfico para o estudo, desde que o parceiro seja estudioso. “Para a minha filha, começar a namorar só lhe fez bem. Aumentou-lhe a auto-estima e como ele é um rapaz muito ‘atinado’ ela passou a estudar mais e as notas melhoraram.” As saídas à noite também sempre foram muito regradas. “Noitadas só aos fins- -de-semana ou em dia de festa e nunca todas as semanas.”

Este equilíbrio foi o que faltou a Sara Silva Santos. A jovem não acatava as regras da mãe e o namorado foi uma influência “ainda pior”, garante Maria Silva Santos, que confessa ter passado por um mau bocado porque a filha desobedecia a toda a hora. “Quando a comecei a proibir fugiu de casa, passando a noite fora.” Depois de muitas discussões, a jovem “assentou”, mas a escola… ficou para trás.

A psicóloga Alexandra Lázaro considera que noitadas, escola e namoros “são uma mistura saudável, que por vezes se pode tornar explosiva se não for bem gerida”. “Quando falamos de saídas à noite e namoros na adolescência pensamos de imediato em comportamentos de risco. Os adolescentes têm menor percepção de risco e de previsão das consequências, que aliada a uma necessidade de sentimento de 'pertença' pode dificultar em grande parte a tomada de 'boas decisões' perante a pressão do grupo de pares”, acrescenta.

Augusta Gaspar, investigadora no CIS-IUL - Centro de Investigação e Intervenção Social, alerta que “todos os jovens são diferentes uns dos outros”, pelo que “não faz sentido pensar que para todos sairem à noite e namorar faz mal ao estudo, embora isso possa suceder para alguns”. A docente adverte ainda que “sair à noite depois do jantar é uma coisa, andar seriamente privado de sono (por exemplo fazer directas ou dormir apenas quatro horas) é outra”. A privação de sono tem “consequências muito graves
na saúde física, na atenção, no comportamento e na resposta emocional”, tal como tem a “ingestão de álcool, que está associada às noites de alguns, embora não tenha de estar”.

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