Economia

Empresários da região resistem à crise e ficam em Moçambique

11 mai 2017 00:00

A hostilidade entre Renamo e militares do governo e a falta de trabalho não foram suficientes para abandonarem o barco. Habituados a resistir às crises, empresários aguardam os projectos estruturantes!

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Lurdes Trindade

Quando em meados de 2016 o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, pediu às empresas portuguesas para serem resilientes e terem uma perspectiva de longo-prazo em Moçambique, vivia-se naquele país africano uma das suas maiores crises sociopolíticas e financeiras dos últimos anos.

Às hostilidades militares entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) juntava-se a quase paralisação da economia. A suspensão das ajudas financeiras (doações) por parte da comunidade internacional a Moçambique, na sequência de dívidas ocultadas nas contas públicas, veio acentuar a crise de um país que já era considerado um dos mais pobres do mundo.

Ainda assim, neste cenário de crise, muitos empresários da região de Leiria resistiram aos seus constrangimentos. Trata-se de um mercado que “é, por natureza, lento”, explica Emanuel Pereira, sócio da empresa Iriss-Fast.

“Em Angola o retorno é mais rápido, em Moçambique, independentemente da crise, é preciso saber esperar e ter capacidade financeira para o fazer porque é tudo mais lento. É quase como investir na Europa, os resultados chegam só passados quatro ou cinco anos…”, revela o empresário, que este ano tenciona abrir um novo ponto de venda em Maputo. “Estamos em Natola. Temos esperança no futuro, caso contrário não estaríamos a investir.”

Também José Carlos Rodrigues, administrador da JJR & Filhos, chama a atenção para a necessidade de as empresas “terem uma boa capacidade de tesouraria”, para fazerem face a eventuais situações de paralisação da economia moçambicana. Há períodos longos de paragem de produção e as empresas “têm de se acautelar”, diz o responsável pela empresa de obras públicas que emprega cerca de 40 expatriados e mais de 300 pessoas naturais de Moçambique.

“Estamos no mercado desde 2010 e vamos continuar. Sentimos uma melhoria, embora muito ligeira, no primeiro trimestre, já foram desbloqueadas transferências de verbas, na sua maioria, e há boas perspectivas de grandes obras com investimento estrangeiro”, conta o empresário.

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