Sociedade

É surdo e quer apresentar queixa na PSP? Já tem quem o compreenda

22 jan 2017 00:00

Com o objectivo de aproximar os cidadãos à polícia, a PSP realizou dois cursos de Língua Gestual Portuguesa, em B-Learning.

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No Comando Distrital da PSP de Leiria há dois agentes com o curso de Língua Gestual Portuguesa, o que lhes permite perceber e comunicar com cidadãos surdos. Com o objectivo de contribuir para o aumento e desenvolvimento das competências dos profissionais da PSP no atendimento a pessoas surdas, ajudando para a inclusão e estreitamento de laços com a comunidade e garantir uma aproximação a todos, a Direcção Nacional da PSP organizou duas edições do curso de Língua Gestual Portuguesa, em B-Learning.

O chefe Sérgio Almeida, em Leiria, e o chefe Mário Rui Duarte, em Caldas da Rainha, estão aptos a ajudar cidadãos surdos que apareçam na PSP em situações que envolvam apoio à vítima, fiscalização rodoviária ou violência doméstica. “Aprendemos, sobretudo, linguagem que tem a ver com a nossa actividade policial”, diz ao JORNAL DE LEIRIA Sérgio Almeida, que frequentou o primeiro curso.

O agente aproveitava os tempos livres para estudar através de uma plataforma online disponibilizada pela PSP. Sérgio Almeida, 41 anos, considera que esta forma de aprendizagem permitiu organizar o seu tempo, ao mesmo tempo que tinha possibilidades de tirar dúvidas. Aprender não foi fácil, pois “é preciso praticar muito”, afirma, acrescentando que é preciso ir treinando para não esquecer.

Apesar de considerar uma “mais- -valia” para a polícia, Sérgio Almeida alerta, contudo, que “há muitos surdos que também não sabem língua gestual”. Há cerca de 15 dias, recebeu um casal de surdos na PSP de Leiria, o primeiro em dez anos. “Esta é uma forma da PSP estar mais próxima dos cidadãos e desta comunidade, que tem as suas características próprias”.

Reconhece que aprendeu o básico. “Sugerimos à direcção nacional que fossem dadas mais aulas práticas.” Sérgio Almeida tomou-lhe o gostinho e diz que gostaria de aprofundar os conhecimentos. “Se tivesse tempo e disponibilidade. É muito interessante. Pena não ter muita oportunidade de praticar, mas de vez em quando os colegas pedem para fazer alguns gestos e vou praticando.”

Cinco intérpretes para cerca de 300 surdos
O presidente da Associação de Surdos da Alta Estremadura (ASAE) admite que a maioria dos surdos “sente grandes dificuldades com instituições públicas entre postos, hospitais, tribunais e segurança social”. Helder Chavinha revela que “a maioria dos surdos tem que escrever para poder comunicar”, o que nem sempre é o ideal, pois “por vezes, o português escrito é péssimo”. Nesse sentido, a aprendizagem da língua gestual é uma ferramenta que irá facilitar a comunicação. “Os agentes devem saber utilizar os básicos da língua gestual, nomeadamente aqueles que trabalham diariamente na rua e/ou no posto e recebem os queixosos ou vítimas surdos”, refere.

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