Viver

E depois dizem que não se lê nada!

5 nov 2015 00:00

Segundo o Eurobarómetro, 63% dos portugueses não tem hábitos de leitura. Mas, por dia, são editados 30 novos títulos, os festivais literários multiplicam-se e os escritores são verdadeiras estrelas.

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Jacinto Silva Duro

Roubámos o slogan à Preguiça Magazine para lhe dar conta que, hoje, os festivais literários são uma oportunidade ímpar de conhecer autores, que se tornaram quase estrelas pop, em conferências, sessões de poesia e tertúlias com o público, entre outros eventos. O mundo literário está a sofrer uma revolução e o Tabula Rasa – Festival Literário de Fátima e o Folio – Festival Internacional de Literatura de Óbidos estão no caminho da mudança

Escritaria (Penafiel), Correntes d'Escritas (Póvoa do Varzim), Festival Literário de Castelo Branco, Festival Literário da Gardunha ou Folio – Festival Internacional de Literatura de Óbidos são alguns dos certames que vieram mostrar que, tal como aconteceu na música, onde os músicos perceberam que mais do que vender discos, era preciso investir na presença em concertos, também a literatura está a sofrer uma alteração semelhante.

Embora o sector livreiro tenha sido afectado, no ano passado, por um decréscimo do número de livros editados - 30 por dia, contra os 57, de 2010, segundo a analista GfK -, longe vai o tempo em que as obras literárias passavam a sua existência enclausuradas em espaços vocacionados para os livros.

Hoje, a promoção e aproximação literária aos leitores são realizadas através de um contacto directo com escritores e editoras. O livro está na rua. Para quem lê, os festivais literários são uma oportunidade ímpar de conhecer autores, que se tornaram quase estrelas pop, em conferências, lancamentos de livros, sessões de poesia, teatro, cinema e tertúlias de escritores, entre outros eventos.

Na verdade, com a proliferação de festivais literários pelo País, verifica-se uma espécie de milagre bíblico da multiplicação. Além dos já conhecidos e reconhecidos eventos nacionais que lançaram o fenómeno dos festivais literários, há duas semanas Óbidos encerrou a primeira edição do Folio - Festival Literário Internacional, e Viseu, apropriou-se de Aquilino Ribeiro, preparando-se para combinar os prazeres dos vinhos do Dão com os da literatura, no festival Tinto no Branco, que decorre entre 4 e 6 de Dezembro, com autores como Afonso Cruz, Rui Cardoso Martins, Fernando Dacosta, Francisco José Viegas, Joel Cleto ou o autor de Pombal Paulo Moreiras.

Antes, porém por terras de Fátima, entre 18 e 22 de Novembro acontece o Tabula Rasa, um festival literário que alia literatura à filosofia. Será esta profusão de festivais sinal de que o público se interessa, lê mais e de que a escrita é valorizada pela população?

“Se lê mais, não sei, mas compra mais. A verdade é que há um público fiel para este ou aquele escritor. Temos os casos de Afonso Cruz, de Valter Hugo Mãe, de Gonçalo M. Tavares ou José Luís Peixoto, entre outros”, entende Paulo Assim.

O poeta e escritor reconhece que a existênciade tantos festivais literários é um sinal positivo. “Além do Folio, aconteceram, há pouco, oEscritaria, em Penafiel, as Raias Poéticas, em Vila Nova de Famalicão, o Munda, em Montemor-o-Velho...”

João Pombeiro, jornalista e antigo director da revista Ler, elege o Folio, o Correntes d'Escritase o Escritaria. Acerca deste último, que roda em torno de um escritor de língua portuguesa vivo, Pombeiro diz ter ficado admirado com a força com que o festival envolve toda a cidade de Penafiel.

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