Sociedade

Da Câmara de Alvaiázere para o imobiliário em Moçambique

10 nov 2018 00:00

Paulo Tito Morgado vai à Máquina do Tempo

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Daniela Franco Sousa

Durante dez anos foi o rosto da Câmara de Alvaiázere, de onde guarda tantas memórias que se diz capaz de escrever um livro. Poderia manter-se no “carreirismo político”, mas preferiu avançar com projectos diferentes, num país longínquo. É em Moçambique que o JORNAL DE LEIRIA encontra agora Paulo Tito Morgado, o ex-autarca que se tornou investidor no ramo imobiliário. 

Paulo Tito Morgado nasceu em Lisboa há 50 anos. Licenciou-se Economia na Universidade de Évora. Mais tarde, percorreu outras instituições de ensino superior em Lisboa e no Porto (ISEG, ISCAP e ISCTE) para fazer pós-graduações e mestrado, sempre nas áreas de gestão e de contabilidade. E foi de forma “completamente inesperada e atípica” que chegou até à Câmara de Alvaiázere.

Tito Morgado era, até 2005, “um simples cidadão anónimo, atento e interessado nos temas que interessam ou que deveriam interessar a qualquer cidadão consciente, mas completamente alheio e ausente das lides políticas activas”. Até então, nunca tinha participado em qualquer reunião ou fórum de carácter político, fosse ele partidário ou de índole institucional. Nunca tinha sequer assistido a uma Assembleia de Freguesia ou a uma Assembleia Municipal.

Tinha então 36 anos de idade e um percurso de vida empresarial com alguma intensidade, quando, no início de 2005, foi convidado pela Comissão Política Concelhia do PSD para encabeçar uma lista ao Executivo da Câmara de Alvaiázere.

“Foi para mim uma completa e inesperada surpresa”, conta Tito Morgado, que até aí nunca tinha imaginado a possibilidade de uma incursão na política activa. Mas o “sim” chegou após algum tempo. Não só porque sempre foi ávido de novos desafios, mas também porque se sentia numa situação financeira razoavelmente confortável, ao ponto de “não ter previamente procurado saber quais as implicações que tal decisão poderia trazer a nível do orçamento familiar, e efectivamente trouxe”.

Assumiu a presidência pelo PSD, em 2005, e guarda inúmeras memórias da década que se seguiu. Desde o dia em que, depois de um sério revés na intenção de construção do tão desejado IC3 deu consigo dentro do carro, num parque de estacionamento em Lisboa, com as lágrimas a correrem-lhe pela cara; até aos grandes dias em que sabia ter sido capaz de resolver um problema de alguém, sentir a sua “gratidão ou reconhecimento”, recorda o ex-autarca.

Mas, a meio do terceiro mandato, Tito Morgado decidiu deixar a Câmara. E justifica: “Quando me propus a esse desafio, acumulava um cargo de gestão de topo numa empresa pujante e dinâmica, com o de gerente de empresas próprias, de docente do ensino superior, de mediador de seguros, de agente bancário e de profissional liberal.

A partir do momento em que iniciei as funções de presidente de Câmara, abdiquei de imediato, não só do exercício de todos esses cargos e funções, como de todas as fontes de rendimento associadas.” Ao final de alguns anos, significou “um sério revés no orçamento familiar”.

Em 2014, depois de umas férias em Moçambique, Tito Morgado regressava com “quase uma dezena de ideias de intervenção” naquele país. Comunicou a decisão aos munícipes e à família e, em seis meses, já tinha emigrado. “Em Outubro de 2015 iniciei um investimento no ramo imobiliário em Moçambique. Comecei, numa primeira fase, com a construção de um edifício de dez pisos, em Maputo, a que se seguiu uma segunda fase e uma terceira. Estou já empenhado em novos desafios”, conta o ex-autarca, que é agora sócio e gerente a 100% no projecto de imobiliário em que se envolveu.

Levou a esposa consigo e reside mais de metade do ano em Moçambique. Ainda assim, desloca-se frequentemente a Portugal. “Aí mantenho a família alargada. Aí mantenho também todos os activos e todos os interesses de negócio que tinha antes, tendo até constituído mais uma empresa no passado recente”, explica Tito Morgado que, para fazer compras para os investimentos em Moçambique, se vê obrigado a fazer também viagens frequentes entre África, Ásia e Europa.

Apesar das frequentes deslocações, “sinto-me hoje dono do tempo como nunca an

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