Economia

Crise na Venezuela obriga empresas a reduzir ou abandonar actividade

6 set 2018 00:00

Umas viram-se obrigadas a reduzir actividade, outras abandonaram aquele mercado

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Raquel de Sousa Silva

A crise política e económica que se vive na Venezuela, e que se tem agravado nos últimos meses, está a ter consequências para as empresas da região de Leiria que tinham projectos em curso neste país sul-americano.

“Os impactos são altamente negativos”, admite José António Neves, administrador da Leirimetal, reconhecendo que este “foi, a determinada altura, um mercado muito importante” para a empresa.

“Temos trabalhos para fazer, mas estamos a aguardar”, diz o responsável da empresa de Leiria. Especializada no fornecimento de soluções automatizadas para o sector da cerâmica de barro vermelho, a Leirimetal esteve envolvida num projecto “bastante ambicioso” que contemplava a construção de um pólo industrial no Estado de Anzoateguei, na Venezuela. Das três fábricas previstas (uma para fabrico de tijolo, outra de telha e outra de tijolo maciço), a primeira foi concluída e iniciou a laboração.

“O nosso cliente, a empresa estatal Petróleos da Venezuela, não nos tem pedido grandes trabalhos. Há tempso foram precisas peças, mas não as mandámos porque não havia dinheiro para nos pagarem”, diz o empresário, que aponta a instabilidade, a incerteza e a falta de dinheiro como os principais problemas. “Continuamos a ter um escritório na Venezuela, mas a actividade neste país foi muito reduzida”, acrescenta.

Há mais de quatro anos que o Grupo Lena tem para receber 80 milhões de dólares do governo venezuelano. Mas não abandonou o projecto em que está envolvido, que previa, entre outros aspectos, a construção de 12500 casas (foram já construídas cerca de 60%).

“Não abandonámos nem vamos abandonar. Mantermo-nos no país é a melhor maneira de proteger o que lá temos. Sairmos da obra seria motivo para o governo rescindir unilateralmente”, explica Joaquim Paulo Conceição.

“Fomos lambendo as feridas e aguentando. A nossa dívida às empresas que estiveram connosco, e que na sua maioria vieram embora, é praticamente zero”, adianta o CEO do grupo de Leiria. “O último pagamento que nos foi feito da Venezuela foi em Junho de 2016. Apenas 15% e em bolívares, que valem cada vez menos”, diz o gestor, adiantando que o grupo tem agora apenas “três ou quatro expatriados” naquele país, a que se juntam cerca de 100 trabalhadore

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