Sociedade

Como Leiria marcou a vida pessoal e política de Mário Soares

12 jan 2017 00:00

Nas Cortes, terra do pai, fundou uma Casa-Museu. As nazarenas devotavam-lhe enorme afectividade, gratas pela construção do Porto de Abrigo. Na Marinha, foi agredido durante a campanha para as eleições de 1986. Não dispensava a morcela e grelos de Leiria.

Foto: Fundação Mário Soares
Com o pai e o filho João
Com o pai e o filho João
Com o pai e o filho João
Na inauguração da Casa-Museu, em 1996
Na inauguração da Casa-Museu, em 1996
Na inauguração da Casa-Museu, em 1996
Na inauguração do Porto de Abrigo da Nazaré, em 1983
Na inauguração do Porto de Abrigo da Nazaré, em 1983
Na inauguração do Porto de Abrigo da Nazaré, em 1983
Agressão na Marinha Grande, em 1986
Agressão na Marinha Grande, em 1986
Agressão na Marinha Grande, em 1986
Na Livraria Arquivo na apresentação da autobiografia (2012)
Na Livraria Arquivo na apresentação da autobiografia (2012)
Na Livraria Arquivo na apresentação da autobiografia (2012)
Dançando com uma Nazaré, em campanha eleitoral
Dançando com uma Nazaré, em campanha eleitoral
Dançando com uma Nazaré, em campanha eleitoral
Maria Anabela Silva

Nasceu em Lisboa, mas nunca esqueceu a ligação a Leiria, nomeadamente à Abadia, freguesia de Cortes, terra-natal do pai, o pedagogo e político João Soares, cuja memória quis perpetuar com a abertura, em 1996, da Casa-Museu João Soares numa antiga habitação de família.

A partir daí, Mário Soares passou a ter mais um motivo para uma visita às Cortes, povoação onde os pais estão sepultados e onde o fundador do PS trouxe figuras importantes da política e sociedade portuguesas, e não só, como oradores em jantares-conferência promovidos pela Casa-Museu.

Por ali passaram, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso, ex--presidente do Brasil, Felipe González, ex-presidente do Governo de Espanha, Rui Rio, António Costa, António Borges ou Ricardo Salgado.

Mas a relação de Mário Soares à região é muito anterior à fundação da Casa-Museu. Foi, aliás, no Liceu Rodrigues Lobo, em Leiria, que fez o seu primeiro exame de admissão ao liceu. Isso mesmo foi recordado pelo próprio em 2001.

Numa entrevista ao semanário Região de Leiria, contou que, nessa época, o pai estava preso e deportado nos Açores e que tinha feito “a quarta classe na escola pública em Caldas da Rainha, albergado então em casa do velho farmacêutico e revolucionário Maldonado Freitas”, que era amigo do pai.

Ficaria depois “duas ou três semanas” em casa de um primo, João Santos, situada “no começo da encosta de Nossa Senhora da Encarnação”, em Leiria, “a preparar o exame”.

Em 1942, já como aluno da Faculdade de Letras de Lisboa, conheceu Humberto Lopes, um advogado de Santarém, comunista, que lhe falou “muito” do Partido Comunista e da sua luta contra a ditadura.

“Apresentou-me então a um operário das Caldas da Rainha, Manuel Duarte, que era militante comunista, dirigente local, que me deu a conhecer mineiros, operários, trabalhadores e agricultores da região das Caldas, com quem fazíamos reuniões à noite, em sítios esconsos, onde chegávamos de bicicleta e tínhamos longas conversas sobre a necessidade de lutar contra a 'situação' e em favor dos Aliados”, contou Mário Soares no livro Um político assumese, a autobiografia que publicou em 2011.

Na Nazaré, conheceria, também nesse ano, Jorge Borges de Macedo, que era o “controleiro do reduzido grupo comunista” da Faculdade de Letras. Soares acabaria por aderir ao PCP, partido no qual militou até fins de 1949.

A partir daí, a seu percurso político é conhecido e teve momentos importantes na região, nomeadamente, a agressão de que foi vítima na Marinha Grande, um episódio considerado decisivo na vitória de Soares nas Presidenciais de 1986, e a relação de afectividade criada com a população da Nazaré.


Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.